UM ATO DE SUPERAÇÃO

O outono chegou com incertezas para a jovem Maria Helena...

O mundo havia sido surpreendido por um terrível vírus, um inimigo invisível e cruel que deixou e continua deixando um rastro de morte, dor, destruição e muitas sequelas. Era nesse quadro catastrófico que Maria Helena lutava pela vida, sua sobrevivência em um cenário negro e um mundo de ignorância sarcástica.

Lena estava em férias escolares antecipada, por conta da pandemia; ela passava por um dupla dor, a morte repentina da mãe e sua doença, um quadro depressivo severo, que a deixava apática e trancada em seu próprio universo; assim como, um botão de rosa, que em vez de resplandecer, murcha sem vida no próprio galho. A garota apresentava um quadro de tristeza profunda, perda de interesse pela vida e diferentes alterações. A depressão era um estado muito pior para ela, que o momento de pandemia. A jovem morava atualmente com a tia que procurava ajudá-la em tudo.

Um certo dia, Lena acordou diferente, percebeu que um facho de luz solar, entrava de mansinho, pela fresta da janela e iluminava todo ambiente. Foi nesse cenário que sua tia entrou no quarto, quebrou o silêncio, e disse-lhe :

- Bom dia, querida! Você dormiu bem? Já tomou o seu remédio? Vá saborear o seu desjejum matinal! Você precisa se alimentar.

A garota levantou o seu olhar tristonho e respondeu-lhe:

- Bom dia, titia! Consegui dormir melhor e já tomei o remédio, até quero passear um pouco. A senhora pode deixar a janela aberta, por favor?!

Sua tia ficou surpresa, mas atendeu o pedido da sobrinha. Lena correu, se vestiu às pressas, colocou uma máscara em tom suave, tomou um suco e saiu em seguida... a garota caminhava sem destino, ela não estava preocupada com o tempo. De repente, ela viu um rapaz empinando uma pipa colorida em plena praça pública, ela observou que ele nem se preocupava com o cenário ao seu redor, o foco para ele, era deixar a pipa estabilizada no ar, ele dava linha ao objeto com tanta leveza que parecia suspenso. Lena se aproximou do rapaz, e quebrou o gelo:

- Bom dia, sou Lena!

O rapaz sem tirar o olhar da pipa, colocou uma máscara azul, retribui a gentileza da garota, e respondeu-lhe:

- Bom dia, sou Gilberto! Já vou terminar e conversar contigo.

O rapaz tinha o semblante suave, ele desceu com cuidado sua pipa, enrolou a linha para não dá nó, guardou a arraia com carinho para não danificar a rabiola e foi conversar com Lena. Os dois ficaram horas papeando que nem perceberam o tempo passar; o adiantar das horas já era aparente, o vento soprava ameno e jogando ao chão as folhas amareladas das árvores. Já era quase noite quando eles trocaram os contatos e seguiram por caminhos diferentes... os dois ficaram se comunicando pelas redes sociais. O jovem Gilberto não deixava Lena um só instante; ele havia saído de um quadro depressivo há pouco tempo atrás, com ajuda de terapia. Porém, nesse tempo de pandemia, tudo era online. Ele orientou Lena a buscar ajuda e auto-ajuda e ficou acompanhando o processo de luta da garota, dando todo suporte quando necessário. Sempre que podiam, eles iam empinar pipas multicoloridas em um local aberto, sem público, apenas tinham nuvens em flocos de algodão como companheiras. Os dois bem protegidos pela distância e uso de máscaras. Porém, o carinho, atenção e cuidado eram indispensáveis, o diferencial para a boa saúde deles.

Um ano se passou, o outono novamente chegou, e a pandemia não tinha acabado. Mas, Lena consegui superar o seu estado depressivo, pois sua luta não havia sido em vão. A amizade entre Lena e Gilberto era a única coisa concreta para eles.

Esta é uma história de superação e amor, em um cenário negro de dor, tristezas e incertezas.

"Enquanto houver vontade de lutar haverá esperança de vencer." (Santo Agostinho).

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(Os personagens são fictícios, qualquer semelhança é mera coincidência)

Elisabete Leite
Enviado por Elisabete Leite em 14/04/2021
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