ELITE - AURORA

Ela era adolescente quando o pai a obrigou a se casar com um homem de 40 anos. Século 19, sertão do nordeste brasileiro, uma família sem posses. Que escolhas ela tinha? Aqueles homens agiam como se o desejo de Aurora não tivesse a menor relevância. Desejo? Tais homens sequer percebem que mulheres têm desejos e, mesmo quando essa verdade lhes é escancarada, agem com o desdém e a fúria de quem representa o poder estabelecido, que destrói e mata quem quer que tente impedi-lo, que se impõe em nome de seus próprios interesses, que cala a todo custo a voz contraditória.

Desse matrimônio imposto e do sexo sem prazer nasceu um casal de filhos. Nasceriam tantos outros se Aurora não tivesse escutado a voz do próprio coração e fugido com os filhos para a cidade mais próxima. Acolhida por uma família, a mãe ainda adolescente se manteve escondida pois seu pai a amaldiçoara e o marido lhe jurava vingança.

De onde vem essa coragem que enfrenta ameaças à própria integridade? Vem da convicção de que a vida só vale a pena quando movida pela busca de sermos quem somos e não do que outros gostariam que fôssemos. Essa é a única conclusão possível quando olhamos para Aurora, já que o século era 19, o local era o sertão do nordeste brasileiro, ela uma adolescente sem posses, eles homens que não mediam esforços para fazer valer sua própria vontade.

Sim, essa história tem um final feliz, que será contado mais adiante, pois as histórias de corações e coragens se repetem em diferentes sertões e séculos.