Se Achando
25.03.2021
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Comecei há duas semanas a fazer ioga para destravar meu velho corpo gasto. As aulas são dadas no gramado de uma casa de frente à praia em que nado quase todos os dias. A professora, com toda a sua flexibilidade e leveza, que invejo, faz as posições de maneira fácil e tranquila; eu, faço as minhas travadas e sonoramente doloridas. Não tem como comparar as nossas idades, claro.
Sinto que o meu esqueleto está se alongando, pois a força da gravidade é inevitável e presente a cada minuto de nossas vidas. E com a degeneração de nossos ossos, cartilagens, músculos, tendões por tantos anos de uso e abuso, não há como não ficarmos com os ombros caídos e o corpo travado e curto. Estou ficando mais alongado e flexível, até crescendo em altura alguns imperceptíveis milímetros.
Assim, fui fazer a prática naquele dia com a minha esposa. Antes da aula, nadei no mar com ela caminhando na praia, me acompanhando. O dia estava nublado e abafado, com o mar calmo como uma piscina. Ao sair da água fomos para a aula. No portão de acesso ao local da aula, ela me deixou e foi andar na orla.
Cumprimentei a mestra e começamos a nossa sessão. Fomos fazendo os exercícios de alongamento, respiração e equilíbrio. Uma parte deles em pé, outra deitados. Eu seguia com meus murmúrios de dores em alguns deles, principalmente nos da região das pernas, bacia, lombar e coluna. Ou seja, tudo doía.
Fiz um alongamento de coluna sentado com as pernas esticadas, estendendo os braços até os pés, tentando encostar o queixo nos joelhos. Ela me ajudou empurrando o meu tronco contra as minhas pernas. Fui respirando e deitando até conseguir colocar o meu rosto entre os joelhos.
-Muito bom! Parabéns! Está ficando um garotão mesmo, hein! – diz ela animando-me.
-Menos “mestra”. Garotão dolorido, isso sim.
-Nada. Está muito bem. Tem jovem que não consegue fazer.
Depois, na posição com os pés e braços apoiados pelos cotovelos no chão, pernas em ângulo reto com o tronco, fui levantando o quadril alinhado com a coluna como uma mesa humana, para alongar a região da coluna, quadril e lombar.
-Está muito bom. Respire profundamente, expire e solte o tronco até o chão. Refaça novamente – diz a professora.
Ao repetir, senti que a minha perna esquerda fisgara. Uma câimbra apareceu na parte posterior da coxa fazendo com que a levantasse e esticasse, mantendo-a elevada para aliviar a dor.
-Opa, tá se achando, é? Fazendo posições mais difíceis, hein? – brincou ela comigo.
-É câimbra!
-Câimbra?
-Sim. Não estou me achando não, é câimbra mesmo – respondo com voz lamuriosa.
Rimos com prazer e paramos um pouco a sequência dos exercícios, pois foi hilário. Coisas de terceira idade! Mas com câimbra não dá para se achar não, pois dói.
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