CONTO DA MORTE DO ZÉ
Quando a vida era natural,
a vida era de pó e de barro
aquela curva não existia...
Também somente pés havia...
Passos não deslizam,
a cinemática não se preocupava
com os deslocamentos dos corpos...
Foi precisamente a invenção
do asfalto que inventou
o deslizamento...
O progresso tão amigo
da estrada, parceiro da
modernidade foi quem
organizou o perigo...
O amigo Zé abandonou
os pés e ingressou em um
bólido... deixou de lado
o prosáico andar descalço
e passou a ser fiel amigo
da velocidade...nunca foi
bom de cálculo por isso
nunca observou um tal
de vetor de direção...
Vinha tão entusiasmado
tão hipnotizado pelo tal
MAU movimento acelerado
uniforme que não corrigiu
o vetor e derrapou na curva
antes da ladeira e foi rolando
velozmente para deixar a vida...
Morreu Zé que somente queria
chegar em casa e homenagear
o dia de São José .. !
Ps para quem é de João Pessoa, foi
na ladeira do Conjunto Castelo Branco
antes de subir para o Miramar...o amigo
Zé subiu para o céu, não foi hoje, mas foi
um dia de São José...