A Janela - Final

Capitulo final do Texto A Janela, II, III, IV, V, editados anteriormente.

16.03.21

Escutou um som peculiar crescendo na sua mente. O despertador acabara de tocar, com seu ruído incomodante e chato. Ele o silenciou e virou-se para outro lado na cama, com sono ainda, querendo continuar a dormir.

Rememorou o que acontecera nos últimos dias: o portal da janela do seu quarto, a entrada nos multiespaços, a “deusa e o mentor”, a sua transformação em milhares de seres microscópios que viraram feixes de energia, suas idas e vindas aos multiespaços , ou espaços paralelos, o futuro e o passado. Ficou estático, contemplativo, olhando fixamente para o teto do seu quarto, ainda deitado.

-Será que é tudo verdade? Ou será que nada mais é que um sonho, ou sonhos? Como saberei? – questionou-se inquieto, pois as experiências e sensações que tivera foram muito fortes e reais. Excitantes!

A liberdade pura fora do seu corpo, a fluidez do seu ser, ou sua energia, através dos elementos, dos espaços sem limites, sem barreiras ou impedimentos. Foi indescritível e maravilhoso, ser livre de qualquer amarra ou condicionante física. Nunca se sentira assim: a adrenalina e a tranquilidade ao mesmo tempo, como uma coisa divina e inexplicável.

Eram seis horas da manhã. O dia iniciava com os sons da cidade acordando, os sabiás cantando forte, os carros passando pelas ruas, as vozes das pessoas ecoando pelas paredes dos prédios, os ônibus, os aviões decolando ou pousando para mais um dia de vida atribulada e tensa na metrópole insaciável.

Ele se levantou. Tomou banhou, vestiu-se e foi tomar o café da manhã na padaria na esquina da sua rua. Estava faminto.

-Bom dia. O que manda “dotô” - cumprimenta-lhe o rapaz no balcão.

-Bom dia. Faz, por favor, um misto frio no francês com um pouco de “graxa” (manteiga) e um expresso puro sem açúcar, pode ser?

-Claro “dotô”, o senhor manda! Salta um misto frio na “frança com graxa” no capricho, “Baiano”. – grita o rapaz para o “chapeiro”, enquanto prepara o café expresso na máquina.

-Sonhei tudo isso? Será? – continuava a sua questão sem respostas.

A padaria estava cheia naquele horário, com varias pessoas comprando o pãozinho quente e fresco, com seu cheiro inebriante envolvendo o recinto, como o do café, ou do bacon sendo frito para os ovos. Os cheiros típicos das padarias, e parecia que agora ele sentia com mais intensidade, talvez aguçado pelos acontecimentos que presenciara, ou participara, nesses últimos dias. Aconteceu ou não pairava na sua mente, observando o rapaz tirando-lhe o seu expresso.

Lembrou-se, então, das conversas com o amigo, e resolveu marcar almoço naquele dia, para ver se era fato ou não o que lhe acontecera.

-Tudo bem? Vamos almoçar hoje? Você pode? - pergunta ao amigo pelo celular.

-Oi, tudo bem sim, vamos. Faz tempo que não nos vemos não é mesmo?

Faz tempo que não nos vemos? Mas almoçamos outro dia e conversamos pelo telefone também, pensa ele. Será que sonhei tudo isso?

Encontraram-se em um restaurante com mesas ao ar livre, lugar agradável e de boa comida, perto do local de trabalho do seu colega.

-Tudo bem com você? – pergunta-lhe o amigo sorridente, dando-lhe um forte abraço.

-Sim tudo. Faz tempo que não nos vemos? – responde inquisidor.

-Olha, a última vez deve fazer um mês e pouco, por quê?

-Nada não. É que achava que tivéssemos nos encontrado antes. Minha memória esta ruim.

-Mas esta tudo bem contigo? Esta como uma cara de desapontado.

-Pois é. Marquei esse encontro para conversarmos sobre uns sonhos maluquíssimos, agora confirmo terem sido sonhos, que tive nesses últimos dias, onde eu saía do meu corpo, passava por um portal que havia na janela do meu quarto, me transformava em feixe de energia e fluía pelo espaço em outros universos, multiversos, ou mundos paralelos no futuro e no passado.

-É mesmo? Que loucura hein? Você não está cheirando ou fumando, não é?

-Não! Claro que não, você me conhece. Eram sonhos realíssimos e incríveis, inclusive tivemos várias conversas por telefone e nos encontramos nesse período. Você participou deles intensamente.

-Verdade? Mas me conte então como foram esses sonhos malucos. Estou curioso, quem sabe vira um livro.

Ele começou a contar, passo a passo, os fatos ainda vivíssimos na sua memoria, que ao descrevê-los, pareciam mais reais ainda.

Falou de todos os detalhes por cerca de uma hora e meia, com o amigo escutando atentamente, de olhos arregalados e olhar intenso, e a cada novo episódio, mas intrigado ficava.

-Foi assim, tudo o que vivenciei nos meus sonhos nesses dias. E o mais interessante, é que a cada noite que me deitava e dormia, ele seguia como se fosse uma história sequencial. Incrível! Nunca me aconteceu algo assim.

- Será que não foi somente um sonho pesado de uma noite, que pareceu de muitas? – questionou o amigo.

-Pois é. Mas teve um fato importante, que tem você como personagem. Combinei de fazermos um teste, onde me deixaria uma mensagem escrita e eu a leria e lhe falaria no dia seguinte, provando que eu estava em um universo paralelo como um feixe de energia.

-Ah é? E qual frase eu deixei para você? – pergunta-lhe curioso.

-Você não tem nenhuma lembrança, ou imagina qual seria ela?

O amigo ficou quieto, perscrutando sua memória olhando-o fixamente. Depois de alguns minutos, falou:

-Agora que me contou tudo isso, lembrei que ontem deixei um lembrete no criado mudo da minha cama, escrevi “pizza” para não me esquecer, pois hoje é aniversário da minha mulher e eu sempre esqueço. Ela adora uma pizza.

-Não acredito! Foi exatamente a frase que você me deixou no sonho. Não é possível!

-É mesmo. Que coisa. Isso é premonição ou telepatia. Quem sabe você é um telepata e não sabia?

-Pode ser. Bem, acho que tudo o que vivenciei intensamente, o que vi, enfim minha experiência foi tão real e factível, que não sei se aqui e agora estou sonhando ou não?

-Pois é, sonhamos com uma realidade tão grande, que ficamos questionando se é ou não de fato um sonho. Mas estamos aqui e agora: eu sou eu, você é você, pode me beliscar para comprovar, eu não viro feixe de luz, nem você, estamos em carne e osso frente a frente! – completou o amigo rindo.

-Sim. A realidade às vezes é um sonho, e um sonho vira realidade!

Terminaram o almoço, despediram-se e voltaram ao trabalho.

Ele não conseguia se concentrar nas tarefas. A coincidência do bilhete do amigo, era mais do que uma coincidência: um fato que comprovava que, telepaticamente ou não, seu sonho tinha alguma coisa de real e efetivo, mas que ele não conseguia explicar.

À noite, novamente junto à janela do seu quarto, olhando as luzes da cidade, dos prédios, das ruas, o movimento de carros, pessoas, enfim, o burburinho característico de uma noite de verão quente, se projetou por ela para ver se passaria pelo portal, se se decomporia em minúsculos seres de energia e voltaria fluir pelo multiespaço, reencontrando com a “deusa” e seu “mentor”. Aguardou ali estático por um tempo, com o tronco avançado para fora da janela, mas nada ocorreu. Somente, que poderia cair e se estatelar no solo.

-Vou me deitar. Tudo o que aconteceu na noite passada, nada mais foi do que um intenso e vívido sonho de uma noite de verão, nada mais.

Ele se ajeitou e relaxou para uma noite de sono tranquilo... Estava de pé junto à janela, começando a projetar o seu tronco para fora...

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Fernando Ceravolo
Enviado por Fernando Ceravolo em 17/03/2021
Reeditado em 18/03/2021
Código do texto: T7209275
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