O DELEGADO E O TOURO VALENTE

A SAGA DA FAMÍLIA NOBRE

O DELEGADO E O TOURO VALENTE

Na década de 40, o filho mais novo do fazendeiro GEMINIANO CORREIA NOBRE, foi nomeado Delegado do Distrito de Laranjeiras.

O Delegado ZUCA NOBRE, tinha como uma das missões, juntamente com os soldados do destacamento de Banabuiu, o policiamento a cavalos entre Laranjeiras e Banabuiu, para evitar e coibir o "roubo" de gado da região.

Em uma de suas aventuras, o Delegado ZUCA NOBRE, resolveu ir a Banabuiu, desta feita sozinho, pegou seu cavalo branco de sela prateada, o qual atendia pelo nome de papelim e saiu galopando pela estrada carrocal em direção ao então distrito de Banabuiu, onde se realizava uma vaquejada.

Segundo relato do próprio personagem dessa história, Delegado ZUCA NOBRE, saiu do distrito de Laranjeiras, cedo da manhã, após o café e galopou até Banabuiu, pela estrada carroçal percorrendo uma légua, equivalente a 5 km , aproximadamente.

Ali chegando se hospedou na casa de um amigo e somente à tarde, foi para a vaquejada, sendo recebido ao som de uma radiadora, que animava o evento.

Segundo relato de minha mãe, que havia indo a Banabuiu visitar uma tia que estava doente de lá de onde estava dava para ouviu o locutor da radiadora local anunciar os festejos da vaquejada.

Naquela época a radiadora era como se fosse um rádio, ou seja tudo que se passava no distrito a radiadora anunciava.

O locutor da radiadora era o senhor conhecido por " ZÉ do Ó", que por sinal cheguei a conhecê-lo, ele era magro, estatura baixa e usava óculos redondo de grau, parecido com telegrafista de filme de Faroeste, ou seja, usava um boné, camisa longas branca , calça preta de jaqueta preta.

Quando o Delegado ZUCA NOBRE, chegou na vaquejada o locutor Zé do Ó , dentro de uma cabine, passou a anunciar:

"Acaba de chegar no recinto o Delegado de Laranjeiras ZUCA NOBRE, o único homem aqui de coragem para derrubar o Touro".

Segundo relato de meu pai, Zé do Ó , ficou repetindo várias vezes, então não se aproximou do local, adentrando em um bar próximo, sem entender o que o locutor dizia.

No bar o Delegado ZUCA NOBRE se encontrou com alguns amigos e bebeu umas cervejas, quando tomou conhecimento de que tinha um Touro/garrote no curral e era de costume na época de vaquejada matar o animal ali mesmo para o churrasco, contudo, devido o animal ser muito valente, os vaqueiros não conseguiram dominar o animal para matá-lo.

Sabendo disso, o Delegado ZUCA NOBRE, foi até o curral e resolveu enfrentar o Touro/garrote, haja vista , que por ser filho de fazendeiro tinha experiência em domar animais, principalmente gado.

Segundo relato de minha mãe, Zé do Ó, não tinha nenhuma consideração com o primo e ficou dando "corda", como se diz na gíria para o Delegado ZUCA NOBRE, adentrar no curral e pegar o animal.

Então o anúncio na radiadora era constante:

"Agora o Delegado vai adentrar no curral e dominar o Touro/garrote, se aproxime pessoal".

Segundo relato de meu pai, ele não teve outra escolhas, as pessoas gritavam por seu nome, dando apoio: "vai delegado, vai delegado " e aos aplausos, tirou o blazer branco, que usava arregaçou a manga da camisa e pulou dentro do curral, nesta ocasião o touro, que tinha o chifre grande, investiu contra o delegado que depois de muito sacrifício e ao som de gritos das pessoas, que ali estavam, conseguiu dominar o animal, agarrando-o pelo chifre e derrubando, para depois amarrá - lo.

O feito segundo meu pai foi acompanhado por salvas de palmas e gritos de populares.

Moral da História

Após o ocorrido Zé do Ó , chamou o Delegado para ser entrevistado e foi logo dizendo o fígado do boi é o troféu do delegado, tendo o Delegado, respondido:

"Eu não quero o fígado não, o Touro deu muito trabalho, eu quero é os testículos dele pra comer assado com cervejas" e assim foi aceito seu pedido.

Todo episódio, mesmo estando distante foi ouvido por minha mãe, que depois relatou:

O teu pai todas as vezes que ficava bêbado, me fazia vergonha".

CONTO de Edilberto Nobre, baseado em fatos reais.

28.02.2021.