Tudo o que a gente precisa é de um palavrão
Certo dia, sem perceber eu mandei um palavrão. Meus filhos, de 12 e 07 anos na época, levaram um susto, pois nunca haviam me ouvido dizer aquela palavra suja. Quem não tem costume demora a aprender falar palavrão (eu demorei 40 anos). Mas mandar um “foda-se” de vez em quando é libertador.
Então um deles falou: Ê mãe, que boca suja é essa?
Eu expliquei que quando você está muito enfurecido, com raiva de alguma coisa é permitido falar um palavrão. Que é feio e errado falar sempre, mas nesses momentos não tem problema.
Então, numa bela manhã de domingo eles jogavam videogame na sala e eu preparava o almoço na cozinha. Vinícius, o mais novo, chegou na cozinha e perguntou:
- Mãe, Samuel tá perdendo no jogo, ele tá com muita raiva, ele pode falar um palavrão?
Eu ri e autorizei:
- Pode.
Fiquei acompanhando pra ver no que aquilo iria dar. Ele então chegou perto do irmão e falou:
- Sam, mamãe deixou você falar o palavrão.
Então Samuel, com muita raiva, gritou:
- Que bosta!
Esse episódio engraçadinho com meus filhos me levou a refletir que se vivêssemos com a consciência de que estamos aqui de passagem, que não somos melhores do que ninguém e que viver é arriscado porque a morte está sempre à espreita nós certamente levaríamos muito menos a sério certas questões que nos desgastam emocionalmente e esgotam nossa saúde.
Viver é um bom presente, fazer “uso” dessa vida tão bacana é de vez em quando trocar as formalidades pelo banho de chuva, trocar o escritório pela grama do jardim, trocar a rigidez pela leveza. E também ligar o “foda-se” para poder VIVER!
Tudo o que a gente precisa de vez em quando é de um palavrão!