O VENDEDOR DE BOLO E A RAPARIGA
O fato ora narrado aconteceu na década de 70, quando eu tinha 15 anos de idade, morávamos na rua São Gerardo, bairro Varjota em Fortaleza.
Meu pai trabalhava no turno da noite no Moinho Fortaleza, localizado no bairro Mucuripe e dava maior duro para criar os sete irmãozinhos que eu tinha.
Eu estudava no período da manhã no colégio Pe. José Nilson, localizado no mesmo bairro e a tarde para ajudar no orçamento de casa eu vendia bolinhos feitos por mamãe.
Certa vez eu fui com meu pai fazer umas entregas no Farol do Mucuripe, cujo bairro fica perto do Moinho Fortaleza e era conhecido como reduto de prostitutas que se estabeleceram no local em virtude do grande fluxo de marinheiros que desembarcavam no Cais do Porto do Mucuripe.
Na rua principal haviam vários comércios, bares, bem como casas de prostituição que dividia espaços com os comércios ali existentes.
O primeiro dia de vendas eu fui com meu pai que indicou os comércios que, posteriormente eu ia fazer entregas, desta feita sozinho.
Na semana seguinte eu fui ao Farol do Mucuripe fazer a devida entrega dos bolinhos, indo até o Moinho Fortaleza com meu pai, que ficou no trabalho e eu fui a pé fazer as entregas.
Eu andava em bar em bar fazendo as entregas dos bolinhos, porém, quando eu me aproximava de outro bar, inesperadamente deparo com uma mulher na calçada de saias longas, cabelos também longos, que quando me viu se aproximar falou em alta voz:
"venha cá meu filho, você não tem dinheiro não, mas eu troco por bolinhos" , desta feita batendo com a saia nas partes íntimas.
Eu apavorado com aquela cena, joguei o caixote cheio de bolinhos no chão e sai em disparada carreira, enquanto a mulher gritava:
"Não tenha medo não meu filho, venha cá ."
Eu nervoso corri até o Moinho Fortaleza, que fica uns dois quilômetros do local, encontrando meu pai na portaria da empresa, que também assustado, perguntou: "O que houve meu filho, você estar branco", tendo eu lhe respondido : "foi a mulher papai, que me deu uma carreira".
Moral da História:
Na época, apesar de ter 15 anos eu era um adolescente inocente.
Depois desse episódio, quinze dias depois eu estava empregado, meu pai conseguiu um emprego no Moinho Fortaleza.
A vida dá muitas voltas, e nos coloca diante de provas a cada minuto de nossa existência.
Por isso, se você estiver numa posição boa, procure ajudar seus irmãos, seus amigos, assim você só tem a ganhar.
Por isso temos que ter Perseverança,desistir nunca!
Dedico este CONTO em memória a meu pai José Sá Nobre, esse grande homem que nos deixou no ano de 1992, indo morar no Altar Celestial.
Minha Eterna Gratidão.
CONTO de Edilberto Nobre baseado em fatos reais.
05.02.2021