DESEJO DE AMAR
Havia dias sentia saudades do cheiro, do toque, do peso de seu homem sobre si. Não que a distância os separasse mas aquela irritante dor que os impedia de qualquer atividade ou exercícios fora do normal. E ainda tinha que lidar com a indignação que a fazia inconformar-se de dizer "fora do normal" algo tão normal pra eles: fazer amor.
Amarem-se sempre foi entre os dois algo constante, intenso, sincero e extremamente prazeroso. Não naquele fim-de-semana. Justamente naquele... Estendendo-se feriado afora, restava-lhe suprir o desejo de amar com a leitura - como se um e outro tivessem o mesmo valor e intensidade.
Não. Não ia atentar para a dor. Não permitiria que ficasse carente da plenitude do tornar-se "uma só carne" e sentir o prazer e satisfação de marcar e ser marcada, em nome do amor.
Então, serena e cuidadosamente, abandonando livro e lápis na cabeceira da cama, naquele instante aproximou-se do corpo relaxado ao seu lado e ambos, num único e ardente desejo, amaram-se de tal forma que, como em outras vezes, com o pacífico e profundo silêncio reinava ao seu redor, a saudade que outrora havia entre o casal foi eliminada na intensidade do ato.
O tempo que durou não pôde precisar, não se importaria com relógio num momento daquele. Tinha certeza de que foi o suficiente para ir, passear e voltar de Shangrilá em boa companhia. A melhor de todas.