Rubem

23.11.2018

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Apaixonei-me pelo Rubem, Rubem Braga. Antes, fora por Machadinho( Machado de Assis), Guimarães Rosa, Oswald de Andrade, Jack London e vários outros.

Mas Braga agora é a minha paixão. Sou volúvel nessas questões, mas somos todos, não? Haverá sempre um novo livro, autor, filme, música que irá nos sensibilizar, identificar e conquistar.

Encontrei por acaso o Rubem em uma livraria, é claro. O conhecia, mas não me lembrava de ter lido alguma coisa sua. Nosso encontro foi casual.

Fui à livraria por uma indicação para autor uruguaio: Mario Levrero, com o título convidativo de "O Romance Luminoso", com sérios indícios de vir a me apaixonar por ele. Versa sobre um diário de vida desse autor que se transformou no romance que não escreveu; interessante. Fui com ele até ao caixa e perguntei:

-Parcela em quantas vezes esse valor?

-Acima de R$ 100,00 fazemos em duas. Este custa R$ 85,00 e se inteirar R$ 20,00, parcelamos em duas. - responde a moça do caixa.

A velha forma de agregar valor a compra, nos seduzindo e enganando. Seria o parcelamento bom negócio, mas avaliando bem, a parcela resultante será quase o valor do livro. O famoso: "me engana que eu gosto". Mas, sempre me "enganam".

Fui, então, a procura de um livrinho qualquer que inteirasse o valor para o parcelamento, desinteressado. Meu foco era o uruguaio. Vi a prateleira rotativa dos livros de bolso e ali, bem na minha cara, o Rubem Braga: "50 Crônicas Escolhidas". Ótimo, adoro crônicas.

Voltei ao caixa com os livros, paguei parcelado em duas vezes de R$ 60,00 (quase o valor do romance!) E me fui, embora, ávido para ler o romance, sem dar qualquer atenção ao Rubem, até então.

No entanto, peguei o metrô e o Rubem (o Levrero era volume grosso e pesado) e comecei a ler na orelha do livreto a sua biografia:

"Considerado um dos maiores cronistas brasileiros junto de Machado de Assis; Escrevera cerca de 15.000 crônicas durante sua vida; Capixaba de Cachoeira do Itapemirim - terra natal também de Roberto Carlos . Me interessei.

Comecei a ler a primeira crônica: "Coisas Antigas", sobre os guarda-chuvas, antiquados já naquela época. Leitura leve, objetiva, frases curtas e definitivas, uma maravilha de escrita, uma conversa, até parecendo que ali estava me contando a história. Apaixonei-me instantaneamente pelo Rubem naquele momento.

A viagem de metrô foi curta, não pude ler mais o Rubem. Cheguei em casa, sentei no sofá com eles e por consideração à indicação, comecei a ler o "Romance Luminoso" do uruguaio, na expectativa de que seria luminoso e viria a ser mais uma nova paixão a alimentar o meu ser volúvel. Começo pesado, mas escrita corrente e de fácil leitura, com muitas elucubrações de alma, sentimentos, depressões típicas de um diário. Não me apaixonei pelo Levrero. Rubem, era meu amor agora.

Voltei ao Rubem, segui lendo com atenção e cuidado, curtindo seus parágrafos, enredos, me deliciando a cada um, letra a letra. Relia alguns. Eram curtas suas crônicas, escrevera para jornais da sua cidade, depois para os do Rio de Janeiro e outros.

Identifiquei-me com a sua redação e assuntos, pois estou hoje escrevendo crônicas, tais quais as deles, claro que não com a facilidade e erudição que tinha, mas conto histórias minhas, situações que encontro no dia a dia e tudo o que possa ser colocado no papel, ou computador, de forma a que vire uma história. Montei até um blog para difundi-las.

Nunca me imaginei escrevendo, sou engenheiro de formação - quadrado, mas com os anos vividos fui aparando minhas arestas, e hoje, estou mais "redondo".

Irei curtir e me deliciar com esse novo amor volúvel pelo Rubem, até a sua última crônica. Aprender com a sua forma e estilo, sua cadência, como com os outros por quem me enamorei antes e que me ajudaram também a melhorar, consciente ou inconscientemente, a minha escrita.

Quanto ao "uruguaio", o lerei também, mas sem paixão, pois não é páreo para o Rubem.

Leiam o Rubem e verão que é apaixonante!

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Fernando Ceravolo
Enviado por Fernando Ceravolo em 30/01/2021
Código do texto: T7172338
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