O VENDEDOR DE BOLO E O EMPRESÁRIO

O fato ora narrado aconteceu na década de 70, quando eu tinha 15 anos de idade, morávamos na rua São Gerardo, bairro Varjota, próximo ao colégio Pe. José Nilson.

Adorava estudar nesse colégio o qual tinha uma disciplina diferente dos demais Colégios.

Lembro que quando os alunos chegavam todos devidamente fardados, ficávamos no pátio do colégio para o hasteamente da Bandeira do Brasil e consequentemente era cantado o Hino Nacional.

Ao término os alunos iam para suas respectivas salas de aula, aguardar o professor ou professora.

Quando o mestre educador adentrava na sala, todos se levantavam e só se sentavam quando era autorizado.

Nesse Colégio eu cursei a 4° e 5 ° série primária no turno da manhã, essa última correspondia com o curso de Admissão ".

A tarde para ajudar no orçamento de casa eu vendia bolos, feitos por mamãe.

Quando eu cursava a 5° série, estava muito empolgado porque eu ia cursar a série seguinte no colégio Liceu do Ceará, era o sonho de todo estudante na época, porém no meio do ano, tive que interromper os estudos.

Meu pai que trabalhava no Moinho Fortaleza, sempre no turno da noite, dava maior duro para criar os sete irmãozinho que eu tinha.

Certa vez ele me chamou e disse: Betinho, como ele gostava de me chamar, "Você vai ter que parar de estudar, vou arranjar um emprego pra você, tem que ajudar em casa porque a coisa estar preta".

Eu surpreso e não gostando de abandonar os estudos, mesmo assim, concordei com meu pai, haja vista que realmente passávamos por dificuldades naquela época, tinha dia que só se fazia uma refeição (almoço), a tarde só café puro, sem pão e a noite, isso quando tinha era pirão de caldo de feijão.

Assim , meu pai me levou como era de costume para o Moinho Fortaleza, aonde ali eu vendia os bolos feito por mamãe.

Confesso que eu tinha uma vergonha enorme de passar com o caixote cheio de bolos em frente ao colégio que eu estudava, como medo dos meus amigos me visse, porém não havia outro caminho.

Em uma dessas vezes, eu estava em pé em frente a entrada do escritório do Moinho Fortaleza, que ficava ao lado da portaria aonde meu pai trabalhava como porteiro.

Quando de repente vejo chegar na portaria um carro preto, não sei a marca, porém, papai abriu o portão para o carro adentrar e lá de onde eu estava vi quando papai conversava com um senhor, bem alto, forte, bem vestido e em seguida meu pai apontou pra mim, tendo aquele senhor dado um sinal para eu me aproximasse dele.

Lembro que este fato chamou atenção dos operários que estavam no moinho e todos ficaram impressionados com a atitude daquele senhor de ter dado atenção para meu pai, sendo o mesmo o dono da empresa, nada mais , nada menos do que Senador José Dias de Macedo.

Quando eu me aproximei ele perguntou como é seu nome , eu respondi Edilberto e continuei o senhor quer bolo, ele respondeu não obrigado e disse : "amanhã você vem e se apresenta no DRH" .

Até então eu não sabia quem era aquele senhor, o qual adentrou no carro e colocou no estacionamento da empresa.

No dia seguinte eu estava empregado, porém, tive que abandonar os estudos e o primeiro salário que eu ganhei dei para o meu pai e ele me deu uns trocados e desse dinheiro comprei um pinguim de barro para mamãe colocar em cima da geladeira, isso era de costume na época.

No ano seguinte continuei os estudos à noite no mesmo colégio e passei 19 anos trabalhando no Moinho Fortaleza, que era acoplado a Cemec, local aonde fiquei lotado.

Moral da História.

A vida dá muitas voltas, e nos coloca diante de provas a cada minuto de nossa existência. Por isso, se você estiver numa posição boa, procure ajudar seus irmãos, seus amigos, assim você só tem a ganhar.

Por isso temos que ter Perseverança, desistir nunca!

Dedico este CONTO em memória a esse grande homem e empresário cearense, fundador do Grupo J. Macedo, que nos deixou no ano de 2018, indo morar no Altar Celestial.

Minha Eterna Gratidão.

CONTO de Edilberto Nobre baseado em fatos reais.