O médico e seu auxiliar...
- Será que ainda há tempo? - a preocupação no tom da voz era notória.
Não recebeu resposta, o doutor já perdera as esperanças, "com certeza ela já está morta", pensava; mas ia por desencargo de consciência. Seu auxiliar, infelizmente, entendeu o silêncio. Era um grande desânimo agoniante.
Avistaram a tal casa ao longe, um homenzinho com chapéu de palha acenava freneticamente e correu para dentro da residência humilde, foi, talvez, avisar a todos sobre a chegada do médico.
- É, acho que ainda não morreu. - suspirou o médico.
- Desse jeito... Se não morreu pela demora, vai morrer pela má vontade.
O jovem auxiliar era atrevido assim mesmo, mas um atrevimento pertinente, verdadeiro; tão verdadeiro que levou um tapa na cabeça para aprender a não denunciar o superior.
Diagnosticaram a moça prenha e decidiram que seria melhor uma cirurgia: teria um parto cesariano e prematuro, pois corria risco de vida, não só ela, mas também o bebê.
Foram pouco mais de duas horas, deu tudo certo e, após os agradecimentos dos moradores, foram embora. O aprendiz sentia-se realizado e de alma lavada pelos acontecimentos, seu professor (e patrão), porém, voltava para casa com uma cara emburrada...
Se tratava de um atendimento pago pelo novo programa governamental, receberia menos da metade que cobraria por um serviço particular...