Evandro Joaquim

14.11.2018

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Cinco horas da manhã! Acabara de acordar, preocupado. Sábado, pós-feriado e viagem marcada para o sul; seu voo era muito cedo.

- Será que consigo táxi nesse horário?

Levantou. Vestiu-se, tomou café e acessou o aplicativo. Digitou o destino. O aplicativo buscava motoristas. Demorou um pouco e apareceu um a 5 km com 6 minutos para chegar. Evandro Joaquim, seu nome. Acompanhou a vinda do carro, 3km e 3 minutos, 2km e 2 minutos e assim até que estava a 1 minuto da sua casa.

Desceu pelo elevador, caminhou até a portaria do prédio e viu o carro chegando: vermelho sangue!

Chega perto do automóvel.

- Evandro Joaquim? - diz para o motorista.

- Sim! - e lhe pergunta Evandro Joaquim: - Congonhas, né?

- Sim. Pela 23 de maio, certo? - responde já sentado no banco traseiro.

- "Sim, ainda mais cedin no sábado!" - responde com sotaque nordestino.

- De onde o senhor é?

- "Pernambuco. Quarenta anos que moro aqui, o "sutaque" sai não, é não?" Os dois riem.

- Quanto tempo hein! Sempre na rua?

- "Sim! Já fui motorista de caminhão, ônibus e táxi."

- Quantos filhos o senhor tem?

-"Cinco! Senhor sabe né, nordestino é como rato: liberou, embuchou no dia, oche ! A mãe teve treze fios!"

- Caramba, treze irmãos, não tinha TV em casa, não?

O riso saiu novamente dos dois. A conversa seguia agradável e alegre, Evandro Joaquim era tranquilo, conversava fácil e diretamente, bem típico deles, os nordestinos.

- "Tinha não! Me alembro quando o pai compro um radim de pilha. Nasci na roça, vida dura, era um luxo quem tinha um !"

- Se adaptou bem aqui, não?

-"Sim. Gosto mutcho de sumpaulo. Tudo que consegui na vida foi aqui. Criei os filhos, eles os deles e agora os netos. A vida segue, né não?."

- Parabéns!

- "Nordestino vévi de teimoso!"

Chegam ao aeroporto. Evandro Joaquim para o carro e mostra pelo celular o valor da viagem. Ele tira o cartão para pagar.

-"Tem não a maniquinha! Precisando arrumar uma! Hoje todo mundo tem, né não. Tem pobrema não, o senhor paga quando der! Importante é o senhor viajar."

- Posso fazer um crédito na sua conta, pode ser?

- "Sei que o senhor vai paga. A gente que roda dia todo conhece os picaretas pela cara e conversa. O senhor é gente boa!"

Evandro Joaquim lhe passa o cartão do banco para que tire uma foto pelo celular para fazer o pagamento.

- Faço o crédito ainda hoje ou amanhã, sem falta!

- "Pobrema não. Vai fazer sua viagem sossegado. E a cunversa foi boa, é não? Boa viagem!" - deseja-lhe Evandro Joaquim.

Desce do carro e Evandro Joaquim sai para um novo passageiro com o seu vermelho sanguíneo e a boa conversa, embarcados.

Segue para o embarque, entra no avião, senta e começa a escrever esse texto.

Ótima Viagem foi a nossa, Evandro Joaquim, né não?

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Fernando Ceravolo
Enviado por Fernando Ceravolo em 12/01/2021
Código do texto: T7157986
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