Vagalumes

30.10.2018

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Via pequenos pontos de luz piscando no negro da noite à sua frente, voando sem nenhuma direção definida, desordenadamente: vagalumes!

Sempre interessantes e intrigantes no seu "pirilampear" inconstante e belo.

Procurou saber o por quê do seu piscar luminoso, e descobriu que é a forma de se chamarem para o acasalamento. É um fenômeno químico em seus corpos que provoca essa luminosidade. Uma maravilha da natureza!

Ficou divagando observando-os voando pela mata à sua frente. Sentado em banco junto às arvores, voltou ao momento em que os vira pela primeira vez em sua infância, quando maravilhado e intrigado pensara:

- Como pode um bichinho tão pequeno ter luz?

Correu atrás deles pelo gramado da casa em que morava, eles se apagavam e se acendiam fazendo com que pudesse segui-los. Alguns pousavam no chão e conseguiu pegar um com as mãos fechadas em concha. Foi para dentro da casa com o bichinho acendendo e apagando em sua mão:

- Pai, pai, peguei um vagalume! - que vendo-o com suas mãos translucidas de luz intermitente, disse-lhe:

- Vamos pegar um vidro com tampa e colocá-lo dentro - levantando-se da cadeira, indo à cozinha e voltando com o vidro, completando para o filho:

- Temos que fazer um furo na tampa, se não ele morre sem ar.

O menino, de olhos arregalados e atônitos, com o bichinho nas mãos fechadas, com muita delicadeza e cuidado o colocou devagar no vidro e tampou.

- Ele não vai morrer, né pai?

- Não, vai não, mas não pode ficar com ele preso o resto da vida, precisa voltar para o mato, a sua casa.

- Mas posso ficar com ele essa noite na minha cama?

- Sim, mas amanhã cedo deve soltá-lo.

-Pai, por que ele tem a luz e nós não? Deus não quis que a gente tivesse luz assim como eles?

- Deus os fez assim, como todos nós, cada um com suas diferenças, belezas. Cada um de nós é único e não têm igual, mesmo os vagalumes parecem iguais, mas não são se os olharmos com cuidado.

- Ah pai, queria ter essa luz, já pensou como seria legal, seria diferente de todos, né!

- Sim filho, seria diferente, com uma luz exterior que todos veriam, mas a nossa verdadeira luz está dentro de nós, não aparece, mas ilumina muito!

- Mas como pai, uma luz que tenho dentro pode iluminar sem ver?

- As pessoas sentem essa luz, e você verá ao longo do tempo que temos essa luz interior, invisível sim, mas que no fundo do coração se fará sentir: é o amor!

Voltou à realidade depois desse vaguear por suas reminiscências, com os vagalumes iluminando a mata à sua frente.

Sentado em seu banco, na noite que se ia, concordou com o que seu pai lhe dissera naquela época: o amor ilumina as pessoas, não precisam de luz!

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Fernando Ceravolo
Enviado por Fernando Ceravolo em 06/01/2021
Reeditado em 13/06/2023
Código do texto: T7153548
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