Privilégio
Texto revisado de título Ela, escrito em 13.09.2002.
02/01/2021
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Linda e altiva, firme, estava sempre no mesmo local. Via sua silhueta bonita, de corpo esguio e cabelos cheios e fortes, emoldurando seu tronco largo. Uma bela visão.
Entre os carros, imóvel e senhora de si, chamava à atenção: tinha personalidade forte.
Na chuva, sempre impassível; com sol, reluzente e cheia de vida, brilhava! A natureza lhe fora generosa.
Quem era ela? Uma bela e frondosa mangueira, que sobrou da derrubada de casarão antigo, em terreno situado em avenida importante da cidade, transformando-o em estacionamento.
Só vim notá-la quando demolida a casa. Ficava escondida nos fundos e era a única no local. Observava-a por um tempo parado à entrada do estabelecimento, pois merecia.
Em dias de sol forte e calor, ficavam os manobristas debaixo da sua sombra fresca, abrigando-os, como uma galinha com seus pintinhos sob suas asas. No verão, dava frutos, toda coalhada de pontos verde amarelados, alimentando-os como uma perfeita mãe.
Fiquei bom tempo longe dela. Voltando, fui caminhando pela avenida onde deveria estar imponente no estacionamento. E o que encontrei: o terreno virou canteiro de obras de construção de um edifício; ela não estava mais lá!
Deixou-me triste, pois não mais veria sua beleza imponente que a natureza lhe dera, e que tive o prazer de desfrutá-la. Foi um privilégio, obrigado minha amiga mangueira.
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