Cidade fria

Fria... é tão gélida, mas tão quente que só quem te conhece entende essa discordância. Quando pisei pela primeira vez, senti um sopro que tomou todo o meu corpo e levou-me incondicionalmente por todo milímetro sagrado de teu chão.

Foram inesquecíveis os dias que passei aí...

Até mesmo os maus momentos tornam-se agradáveis, tens esse poder. As dores musculares de tanto esforço ao caminhar por tua terra dão-me prazer. Prazer, prazer, prazer...

Diga-me, quero transformar-me em uma parte fixa de ti. Não suporto tua distância e, mesmo aí eu penso que não conseguiria manter a sanidade em saber da minha individualidade separada à tua natureza.

Me faça um pedaço, mesmo que insignificante, de você...

As luzes vermelhas no escuro esbranquiçado da neve, ah... Um colírio psicotrópico ocular. É bom andar, correr, pular, deitar em teu chão. Quero morrer aí. Quero transformar o meu corpo em seu alimento. Me dê essa honra.

Torres douradas, muros de tijolos rubros, tão puro visual. Até mesmo sua opulência é diferente. Um charme as ruas cobertas. Nada escapa, na realidade. O frio nos persegue, seja lá qual for a situação.

Um frio reconfortante e quente.

Rodrigo Hontojita
Enviado por Rodrigo Hontojita em 19/12/2020
Código do texto: T7139667
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