Tempo climático

Onde está meu clima preferido detido em determinada época ou as vezes transitório. Aquele quando a luz se esgota, cansa-se de incessantemente brilhar, dilatar as pupilas, dizer que o astro luminoso é uma metáfora deísta; luminoso e acima da nossa face, mas não suficientemente abaixo, porque é moradia da luz ofuscada, digo, apagada. Enfim, voltemos para o tempo não brilhoso, o meu favorito, se não é o teu, não se preocupe, é apenas um tempo, era um naquele dia.

Por aqui, acontece todo final de ano até a metade do subsequente, não aquece, mas acolhe; traz o breu noturno para seu lugar não natural, contudo apenas forma uma camada espessa abaixo da luz; ela, sempre teimosa, passa por algumas brechas, insiste dizer que um feixe, pelo menos deve haver, sem se envolver. Esse momento, por vezes, é precedido dessas coisas que caem do teto humano, densas ou vagarosas.

É também comum uma brisa carregar parte disso, molhar o homem sem dó, soprar para refrescar ou, quem sabe, porque culpa nele reside. O melhor de tudo isso, é ser um olheiro, mas é preciso saber olhar, criarei, por isso, um ambiente para ti, leitor sagaz.

Na casa, há um terraço com cerca de 7 metros de largura e 3 de comprimento, coberto por telhas avermelhadas, sustentado por 3 colunas ausentes de estética. Perto da porta está o humano, sentado numa cadeira que não balança e sem encostar unir os braços nos braços da cadeira, ambos assim, estáticos.

Na frente dele está a chuva; no lado direito, há um jardim em comprimento que chega até o portão central que fica a três metros à frente da varanda; possui plantas tão verdes, algumas com cores diferentes, mas todas tem verde, é um lugar comum a elas, sabe? é preciso falar, no entanto, da trepadeira que está longe do alcance das gotas, forma paisagem contrastante com as vivas plantas, sim, caro leitor, o que resta da trepadeira está seco, porém os seus galhos, que tão belamente se enroscaram na estrutura feita para ela, ainda estão lá; morreu, mas não cedeu, talvez porque um jardineiro cuidava dela.

Leitor, lembra-se do dito para ti, a necessidade de saber observar a chuva defronte a nós? esquece as costas, ainda não é o momento.

Eu não disse o objeto intacto atrás desse humano? Ora, que falha a minha, vou lhe contar. Ao lado da porta de entrada que dá acesso a casa, que está a 6 metros após o portão central, há um relógio de parede, é ligeiramente maior dos habituais, deve ter cerca de 60 centímetros, tão redondo... abriga num círculo perfeito algo tão linear para aquele homem, talvez seja essa a correta representação, visualizar circular, contar linear.

O objeto marcador de momentos do tempo ainda funciona, as pilhas o alimentam até o momento de cessar a energia ; engana-se o leitor que a função desse objeto acaba na ausência de energia, na verdade, continua, até o momento de ser ajustado ; os ponteiros imóveis de imediato não dizem, mas fazem o dono contar, olhar, para ter ciência do momento exato, do quantum passado ou futuro, útil para manejar as engrenagens, para alterar o tempo? Não, caro leitor, tua função, digo, daquele homem, é apenas de realinhar o tempo dele com o do relógio, contudo para a sua alegria, a necessidade desse reajuste demora, geralmente é feito sempre que o dono dessa casa sente falta de algo, nesse caso, de um som comum.

Voltemos para o que está à frente, ignore o ambiente estranho ao redor e apenas olhe para a chuva, os pingos numerosos formam um som cadenciado comum para aquele homem e, as mesmas gotas se desmancham quando colidem com o chão, não ultrapassam, mas depois retornam de onde vieram. É a exemplificação de uma brincadeira cósmica de dois jogadores, um acima e outro abaixo dos pés humanos, ambos brincam como numa mesa de ping pong natural incessante; o homem até gosta da brincadeira, mas não ri, porque sempre transpõe os limites abaixo dos pés, igual e diverso das gotas; no entanto, torce, na maioria das vezes, para o jogador terreno abaixo acertar o lance e ser forte o suficiente para marcar um ponto e, ultrapassar a linha final da mesa, na esperança do gandula recolher a bola intacta e a pôr em lugar comum de outras.

Aquele homem, então, naquela cadeira inerte, com as costas apoiadas e braços agora laçados nos da cadeira, percebeu que os pingos ressoando, o faziam lembrar de um pretérito som memorável, desenroscou-se da cadeira e voltou para o abrigo seu e da sua família, foi cear com eles, naquele lugar e tempo, chuvoso e passageiro. Lembrou também que é sempre tempo de amar, abraçar, cuidar, e também chover. Apenas naquele momento, do lado de fora, ficou a chuva, as plantas, a cadeira, o relógio, as feias colunas, a seca trepadeira e claro, os jogadores e a brincadeira, imperceptíveis àquele sujeito.

LucasSSantos
Enviado por LucasSSantos em 19/12/2020
Código do texto: T7139654
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