Banho do Parque Dez e Ponta Negra

Banho do Parque Dez e Ponta Negra.

Lembro muito bem desse banho, isso nos finais dos anos 1960 e anos 1970, aos domingos era quase certa a nossa presença, nos reuníamos com vizinhos e amigos que gostavam de bola, em frente da Vila do Tio Alonso, na rua Ajuricaba onde morávamos, para ir ao banho. Era um banho público, você não pagava um centavo para entrar, só pagava o que consumia. Aproveitaram o curso do igarapé na natureza pra fazer o banho, de água corrente, fria e limpa.

Havia outros banhos no V8, como o banho dos Comerciários e o banho do Agrepo, que era dos funcionários do Porto, dos portuários. Nesses banhos tinha música, bar, as vezes música ao vivo, aí você tinha que pagar para entrar, mas a nossa turma era mais pela pelada, como o porteito já nos conhecia, nos deixava entrar. Nessa época, eu estava com 18 anos, uma época boa da nossa juventude. Vou citar alguns amigos da época, alguns já estão na casa do pai, que não me recordo agora, mas que não esqueci: Nado, Beto, Moreira, Aderaldo, Anselmo, Betão, Mauro, Fausto, Luizinho, Wallace, Zezinho..., foi o que consegui lembrar.

Esse banho localizava-se no igarapé em baixo do viaduto da avenida Recife com a Darcy Vargas, já pegando ali para o lado da antiga Utam. Como vocês podem ver na foto, era um banho grande e acolhedor, sem poluição, água cristalina e fria, cabia muita gente, era uma boa diversão aos domingos.

Lembro que, aos sábados a tarde, íamos ao Porto levar carta e encomendas para Urucará, que o Motor de Linha, saía as 17h, só tinha um barco por semana. Lá nos encontrávamos o pessoal de Urucará e de lá vínhamos caminhando subindo a Floriano Peixoto e depois a Getúlio Vargas, até o Bar Castelo de Ouro, que ficava ali em frente ao Estadual, onde fazíamos uma quota e tomávamos uma cerveja bem gelada, já que a cerveja era cara, botava a conversa em dia e depois tomávamos o rumo de casa. Vou citar alguns amigos que participaram dessa aventura: Mocinho, Arthur, Nado, Zezinho, Manoel Libório, Mário Falabella, Venceslau, Garola, Ari, Beto, Quinca, .....alguns já na casa do Pai Eterno. Lá era o nosso ponto de encontro aos sábados no Porto da Manaus Moderna. Conversava sobre as namoradas que ficaram em Urucará e a comunicação era através de carta, que a gente enviava e recebia pelo Motor da Linha.

Lembro que onde passa esse igarapé do Milenium, havia um banho " Maromba", que passava no terreno dos padres, cheguei a tomar banho lá. Quando o bairro de São Jorge ainda era uma invasão, cheguei a tomar banho no igarapé da ponte, havia praias com árvores da natureza, fizemos fogo e assamos peixe para almoçar. Já tinha a Ponta Negra e os outros banhos, como Ponte da Bolivia e Tarumã. Tomei banho em todos uma maravilha, eu amo a Ponta Negra fiz um poema em sua homenagem.

Logo no início do ano, quando essa praga não havi chegado, fui a Ponta Negra, sempre vou no bar do Zé Carlos, nosso amigo de longa data, sentado tomando uma gelada, comecei a lembrar, de como era a Ponta Negra quando ainda jovem eu frequentei, areia branquinha, árvores pelo meio da praia, outras coisas que me veio na memória, daí nasceu o poema: Ponta Negra, meu amor.

Ponta Negra, meu amor

Lembro quando curumim

Vinha banhar-me nesse teu Rio Negro Moreno

Que tinha as areias branquinhas

como alvas

Tu ainda virgem, eu tinha ciúmes

Ciúmes dos outros que vinham banhar-se também

Eu te queria só pra mim

Mas tu não cabias só em mim

Tu era de todos

A todos tu recebias de braços abertos

Oferecia o que mais tinha de belo

As tuas areias brancas como alvas e esse teu Rio Negro Moreno

Que te banha e te beija todos os dias

E te acaricia com muito amor

Com encanto e magia.

Ponta Negra, meu amor.

José Gomes Paes

Em: 05/01/2020

Essa é minha narrativa dos banhos de Manaus no passado, hoje, estão todos poluídos, com o aumento da população, abertura de vários bairros, com o crescimento da população, lembro bem, que Manaus tinha 300 mil habitantes logo que cheguei, hoje, população estimada em 2.200 milhões de habitantes.

Saudade dos tempos bons que não voltam mais.

Viva os escritores e poetas

Viva a Poesia regional

Que de melhor não se tem igual

Em 10/10/2020

José Gomes Paes

Escritor e poeta urucaraense