A TRADIÇÃO DAS LUZES DE NATAL.
A neve caía abundantemente,
cobrindo os telhados das casas da aldeia Volgorod,
nos Alpes austríacos.
Século dez depois de Cristo.
O inverno deixava as noites mais escuras.
-"Tom, estou indo para a irmandade.
Você está cochilando na cadeira."
A mulher ajeitou o xale.
-"Sim. Eu ficarei lhe esperando, querida. Estarei atento."
A mulher o abraçou.
-"Os pobres precisam de ajuda.
Eu ficarei bem. Você está cansado, meu amor."
O homem olhou pela janela.
-"Está bem. Vou me deitar mas
deixarei uma vela na janela. Está muito escuro lá fora."
A mulher sorriu.
-" É o preço de ser o melhor ferreiro da região, Tom. Está sendo muito solicitado e sobrecarregado.
Vá dormir, querido."
Ela pegou a cesta de donativos. As luvas. Abriu a porta e saiu.
O ferreiro Tom se levantou. As velas na gaveta do armário da cozinha. A lareira acesa. Ele saiu para fora.
O vento apagou as velas.
-"Deve haver um modo!
O vento apaga as velas. Margot retornará daqui há duas horas."
Ele voltou para dentro. Olhou em volta. O mobiliário, as panelas de bronze. Um vaso de vidro, com flores do campo.
-"O vaso! É isso, ele será a solução!
Obrigado, Senhor."
Tom retirou as flores do vaso de vidro. -"Tenho outro vaso no porão.
Está trincado mas servirá."
Pouco depois, o
ferreiro saiu com os dois vasos redondos. Uma vela grande dentro de cada vaso.
-"Um em cada janela. Perfeito, Tom." Satisfeito, entrou e se recolheu.
Margot se despediu das amigas
da igreja.
Elas distribuíam sopa e cuidavam
das feridas de moradores de rua.
-"Veja. Sua casa está iluminada."
Disse uma das voluntárias.
Margot sentiu orgulho do esposo.
Dois anos depois, Margot engravidou.
Tom estava muito feliz. A esposa querida faleceu, durante o parto.
Tom cuidou sozinho de Steffan.
Ele continuou a colocar as velas nas janelas, a fim de iluminar o caminho dos que passassem por alí.
Steffan tinha dezessete anos quando foi convocado para uma guerra.
Ele partiu para a batalha, junto de todos os jovens da aldeia.
Os habitantes da aldeia estavam apreensivos.
-"Não há razão para você continuar a colocar as luzes nas janelas.
Nossos jovens serão enterrados em território inimigo."
Disse o velho juiz Jhonatan a Tom.
-"Meu filho voltará. Ele verá a luz."
Um mês depois, a tristeza se abateu sobre a aldeia.
Semanas sem nenhuma notícia da guerra.
Tom era o único que mantinha a fé e a esperança.
Vendo a atitude de Tom, os demais moradores resolveram o imitar, colocando velas nas janelas das casas.
A aldeia ficou toda iluminada.
Era véspera de natal.
Quase meia noite.
O juiz viu alguns jovens entrando
na aldeia.
-"Não creio. São eles!"
O juiz correu até a casa do sacristão, Ernest.
A igreja foi aberta.
O sacristão tocou o sino,
anunciando a volta dos jovens a aldeia. Os moradores saíram das casas e foram até a praça.
Os jovens soldados eram
abraçados por seis familiares, numa grande celebração pela vida.
Steffan correu para os braços de Tom.
-"Nós vimos as luzes de longe."
Disse Steffan.
-"É um milagre. O milagre das luzes.
Muitos feridos mas estão todos vivos." Repetia o juiz.
Dias depois, o juiz soube que sua aldeia era a única do reino que não tivera soldados mortos na guerra.
A tradição de deixar velas
acesas nas janelas, na véspera de natal, começou.
-" Natal é luz, vida. O maior acontecimento da humanidade pois o Filho de
Deus se fez um de nós para a nossa salvação!"
Repetia Tom.
Dizem que foi Martinho Lutero,
no século XVI, quem cortou
um pinheiro no natal e o
colocou num vaso, decorando-o
com velas acesas
e papéis coloridos com mensagens
bíblicas.
Estava criada a árvore de natal.
No natal de 1880,
Thomas Edison, inventor da lâmpada elétrica, criou um fio elétrico,
com dezenas de lâmpadas e o
amarrou do lado de fora de
seu escritório.
As pessoas ficaram curiosas
com aquilo.
Em 1882, o sócio do inventor,
Edward H. Johnson,
pediu a Edison fios elétricos com
lâmpadas brancas, azuis
e vermelhas.
Edward contornou um grande
pinheiro, na sua casa,
situada na Quinta Avenida,
em Nova York, com as luzes.
O local era muito visitado.
Demorou para isso virar tradição
pois os fios elétricos eram caros.
As famílias menos abastadas
preferiam usar as tradicionais
velas nas árvores de natal.
Havia uma grande desconfiança da população em relação a
lâmpada elétrica de Edison.
Mesmo com as velas protegidas por lanternas e bolas de vidro,
amarradas nos galhos dos pinheiros, os incêndios eram frequentes.
As famílias cristãs ocidentais
ainda preferiam o presépio como símbolo natalino.
São Francisco de Assis, com a
ajuda de seus companheiros
de ordem, montou o primeiro
presépio, numa gruta, em Greccio,
na Itália.
Colocou animais de verdade na cena.
Um burro, ovelhas e vacas na estrebaria.
As imagens de gesso de
Maria e José, ao lado de uma
manjedoura.
Na gruta, iluminada por velas e
candeeiros, os irmãos da ordem
franciscana entoavam cânticos
na gruta.
Uma grande multidão veio
assistir aquela novidade.
Após a leitura da passagem
bíblica do nascimento de Jesus,
São Francisco pegou uma imagem
de um bebê de gesso,
com os braços abertos, para colocar na manjedoura.
Ergueu a imagem para o povo ver
e aplaudir.
Antes de ser colocada na manjedoura,
muitos afirmavam terem visto a
imagem se mexer e abraçar
o pescoço do santo de Assis.
Em 1903,
a General Eletric
produziu grande quantidade de
kits de fios elétricos, pré montados, diminuindo seu preço e facilitando a instalação.
As luzes de natal, os chamados
pisca-pisca, são um símbolo do
natal e festas de fim de ano.
As luzes representam as estrelas.
A grande estrela, no topo da árvore, representa a estrela de Belém,
a que guiou os reis magos até o menino Jesus.
A guirlanda representa proteção
divina.
Atualmente, a grande novidade
são os pisca pisca de LED,
há uma infinidade deles,
coloridos, musicais e ritmados. Tradicionalmente,
o dia certo para montar a árvore de natal é trinta de novembro.
Os mais ansiosos colocam as luzes
ainda no início de novembro.
O dia certo pra desmontar a
árvore de natal e o presépio
é o dia dos Santos Reis,
em seis de janeiro.
Feliz natal a todos.
FIM