João
29.05.2018
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- Que coisa! Como pode um bichinho tão pequeno fazer uma coisa tão grande, forte e durável, permanente? .
Parou, observou e questionou ao passar por um poste na casa de um vizinho de rua, que em seu topo, tinha uma casa em construção por um João-de-Barro .
Ao chegar em casa viu um João que bicava o chão molhado e barrento. Fez uma massa e a prendeu ao bico. Ficou observando o ir dele na varanda de sua casa. Era um casal, pois veio outro assim que saiu, em um frenesi incessante, tinham pressa pelo visto.
Todos os dias vinham rasantes e decididos, buscar material para construir do seu ninho. Andavam pelo gramado barreado, ciscando pedaços de grama, gravetos que juntavam com a lama para a massa da construção.
A chuva forte de maio caíra, pesada, alagando o terreno. Perfeito para o João. Vinha um, bicando o chão enlameado e voava com a pasta no bico. Vinha o outro, ou outra, e o mesmo fazia. Era um ir e vir constante e frenético, apressados em preparar para o pôr dos ovos, pois a casa deveria estar pronta.
Acompanhou mais um pouco a função dos bichinhos e seguiu para as suas.
Descobriu na internet que constroem uma casa nova para uma ninhada só e depois a abandonam. Têm a percepção inata de fazer a entrada protegida da chuva e do vento e a divide em dois ambientes internos: quarto e sala - para abrigar e proteger os filhotes de predadores e das intempéries. Genial!
Queria saber onde ficava a empreitada do seu João. Viu-o em voo disparado descendo a rua, deduzindo ser a do poste do vizinho. Foi atrás.
Desceu também a rua e lá, naquele poste que parara, bem no alto, a casinha tomava a sua forma característica. Estava ficando linda, com tanto carinho e cuidado que fazia o casal.
O vizinho, dono do poste, viu-o observando a construção e disse:
-Lindo de se ver, não?
-Sim! Vai cobrar aluguel? - brincou ele.
-Pois é! Mas "tão" começando a vida, vou cobrar só agua e luz.- completou o vizinho sorrindo.
-Estão usando o barro e a grama lá de casa, vou cobrar o material!
-Sim, agora que descobriu onde moram. - respondeu rindo.
Seguem os pássaros trabalhando, alheios aos comentários e brincadeiras dos observadores.
Irá acompanhar suas magníficas obras, e pela sua contribuição com os materiais, espera ser convidado para a inauguração da casa e do nascimento dos filhotes.
Bonito mesmo de se ver, o João-de-Barro!
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