O Relógio

29.05.2018

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Ganhara um belo relógio suíço de seu pai. Fora em viagem pela Europa e lhe trouxera de presente. Tinha ele cerca de 15 anos .

Não esperava pela surpresa. Era de alto valor - uma joia! Namorara-o por muito tempo em propagandas de jornais, revistas e pedira ao pai que lhe trouxesse da viagem, mas achava que não, por ser caro.

Ficou exultante com o regalo. Era lindo, e o observava com olhos de paixão e cuidado. Namorava a máquina reluzente no seu braço. Polia com pasta de dente, quase todos os dias o cebolão, pois era grande o suíço!

Mais velho e namorando a sua futura esposa, cuja família tinha uma casa em praia próxima à capital - um lindo chalé de madeira da Suécia construído no início do século passado: o madeiramento foi descarregado no mar em caixas que vieram boiando até a orla, passar um final de semana lá.

Foram para uma praia distante, mais tranquila e limpa. Entrou no mar, furou as ondas e percebeu que o relógio pulara do seu pulso!

Não acreditou. Ficou aflito e nervoso.

Pensou esperançoso que o reaveria, tateou o fundo do mar, mergulhou na água turva, mas nada enxergava.

Não aceitou a perda do presente que tanto apreciava e cuidava. Pegou o carro e foi comprar uma máscara de mergulho, achando que o encontraria.

Seus esforços foram em vão. Mergulhou a tarde toda tateando a areia junto com a namorada, sem sucesso. Perdera a sua joia suíça. Ficou triste e decepcionado com a perda, culpando-se por ela.

Anos se passaram. Agora morava em outra praia e em outro estado.

Frequentemente ia ao mar nadar, sem relógio. Nadou naquele dia como sempre, e saindo do mar , viu um brilho prateado no raso da água que lhe chamou a atenção. Chegou ao brilho e viu que era um relógio. Não acreditou!

Alguém perdera seu relógio como ele anos atrás. Seria premiado, ou recompensado pelo achado imprevisto que acontecia? Talvez. Como alguma pessoa também tenha achado a sua joia suíça há 40 anos.

Pegou-o do mar, funcionava e as horas pareciam certas. Incrível! Era bonito, modelo parecido como o perdido, do tipo "submarino". Mas, não era suíço.

Olhou ao redor para ver se havia alguém que pudesse ser o provável dono, mas não viu ninguém que tivesse perdido algo tão valioso. Estava a praia e os banhistas tranquilos.

Levou-o ao relojoeiro que fez a limpeza, a troca do vidro, da pulseira. Ficou novo. Agora seria seu talismã, pois como o encontrara, era uma pessoa de sorte!

Usava-o sempre, mas não entrava no mar com ele, precavidamente.

Já perdera uma joia e não queria correr o risco de perder o seu talismã!

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Fernando Ceravolo
Enviado por Fernando Ceravolo em 04/12/2020
Reeditado em 04/12/2020
Código do texto: T7127358
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