Dona de casa
Levantou as cinco da manhã. Preparou o café para a família. Todos saíram para o trabalho. Olhou pela janela, viu a vizinha e acenou.
Colocou a roupa na máquina de lavar. Entrou, varreu a casa, passou pano. Lavou o banheiro, correu ao supermercado, voltou. Colocou o feijão para cozinhar, lavou o arroz, preparou os bifes, picou a couve, cortou as batatas em rodela. Deixou tudo preparado. A máquina acabara de centrifugar a roupa. Estendeu no varal. O telefone tocou. Atendeu. Era a prima, queria um vestido emprestado. Concordou. Pediu que viesse mais tarde apanhá-lo. Voltou para a cozinha e continuou o preparo do almoço.
A campainha tocou, foi atender, era o vendedor de vassouras. Comprou.
As onze em ponto, o marido chegou, almoçou calado, foi ao banheiro, escovou os dentes, beijou a testa da mulher e saiu sem dizer nada. O Filho e a filha chegaram, comeram e falavam ao telefone. Ela queria perguntar alguma coisa, mas ninguém prestava atenção. Saíram apressados.
Voltou aos afazeres da casa. Lavou a varanda. Resolveu arrumar os armários. Ligou o rádio. Cantarolou enquanto fazia a arrumação. As três sentiu fome. Mas faria um lanche mais tarde, queria terminar o serviço.
Abriu a geladeira. Observou que precisava de uma limpeza. Limpou. Varreu as folhas do quintal. Juntou nos pé de limão. Olhou para as vidraças. Fez uma boa limpeza. Deram cinco horas e esquecera por completo de fazer o lanche.
Ouviu um ruído estranho. Foi ver, era a máquina de lavar que soltara a mangueira e esparramara água por toda a área de serviço que já fora limpa. Rapou e secou. Entrou, resolveu fazer uma lasanha para o jantar.
As sete estavam todos a mesa jantando. Calados. A campainha tocou. Levantou e foi atender. Era a prima que viera buscar o vestido. Convidou-a para jantar. Sem cerimônia, jantou e muito. Depois buscou o vestido e entregou a prima.
A prima fez uma vistoria no vestido e observou que faltava um botão. Então soltou essa.
– Mas não é possível, você o dia inteiro sem fazer nada, bem que podia pregar o botão!