Tetee!
02/12/2020
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Chega pela manhã forte e impetuosa. Sua vontade inquebrantável, nada lhe tira do seu intuito e decisão: arrasa por onde passa, como um furacão!
Pode parecer que uma catástrofe chega, mas nada mais é que a Ciça, Cecília a nossa netinha de um ano, que com os pais, passa uma temporada conosco aqui na nossa casa na praia, onde moramos.
Loirinha, de grandes e atentos olhos azuis cristalinos conquista qualquer um com seu cativante sorriso de dois dentinhos inferiores. Impossível não se apaixonar por ela, impossível.
Começando a andar, ainda titubeante, mas decidida, caminha por todos os cantos e entra nos buracos mais impossíveis de nosso chalé, olhando e pegando tudo o que lhe chama a atenção. Ora cai, mas levanta-se de pronto inabalável e incansável. Para nós, um desafio acompanha-la, pois o nosso físico padeceu com os anos.
Seu bom humor é marcante, de sorriso no rosto sempre, nos deixando maravilhados com a sua espontaneidade e graça, como a esperteza e inteligência. E claro, seu jeitinho maroto e sedutor, nos deixando babando em ponto de fio! É uma delicia o Furacão Ciça, como a apelidei.
Mas, o cuidado e acompanhamento pela casa são segundo a segundo: temos uma escada íngreme de madeira para o nosso quarto no mezanino, que quer subir a todo instante, como descer os degraus do deck de madeira para o jardim, podendo vir a cair e machucar-se seriamente. Não tem medo ou a dimensão do perigo, como toda criança de um ano completado recentemente. Minha mulher a acompanha de manhã à noite, o que a deixa tão extenuada, que toma o seu banho e deita-se cedo como uma criança exausta, mas feliz.
A primeira vez que fiquei com a Ciça na casa dos pais em Porto Alegre, ela me quebrou! Fiquei mais cansado do que ir de moto para São Paulo!
Agora, sabedor da sua enorme energia estou mais preparado. Aliás, nos faz exercitarmos compulsoriamente, pois agachamos, sentamos no chão, a levantamos e carregamos nos braços, subimos e descemos escadas juntos, ou seja, é como uma sessão puxada de academia ficar com ela, mas que vale a pena.
Logo que chega pela manhã trazida pela mãe, filha da minha mulher atual, segundo casamento, vem ao pé da escada e fica me chamando:
-Tete, tetee! – irresistível essa sua fala, fazendo-me descer de imediato para encontra-la.
Sentamos para o café da manhã, ela no cadeirão com um prato de frutas à sua frente, com as mãos os coloca na sua boquinha, ou tirando, sentindo as texturas, consistências e gostos. Faz uma sujeira e tanto, joga muita coisa no chão, mas esse é o processo para que conheça e coma de tudo. Lembro-me que minha mãe dizia que também me colocava no cadeirão no jardim de casa, deixando-me que comesse sozinho, fazendo aquela lambança como ela agora.
É uma felicidade inigualável ouvir todas as manhãs: Tetee!
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