Romeu

30.04.2018

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A "caçula das irmãs" de seu pai cuidou da sua mãe por toda a sua vida. Não se casou. Apaixonou-se pelo seu chefe no trabalho, casado. Seu grande amor! Foi amante por todo este período de forma velada para a mãe e família, mas todos sabiam. Ele acreditava que sua avó soubesse também.

Viveu sozinha depois do falecimento da mãe, em uma quitinete no centro da cidade, lugar na época tranquilo e bom, no segundo andar onde seu pai teve uma também vizinha de porta, frente à frente a dela.

Ele morou lá quando estudou na faculdade de engenharia. Foram bons tempos de convívio com sua tia "solteirona". Seus pais moravam no interior do estado naquela época.

Às vezes tomavam café da manhã juntos, ela lhe fazia ovos quentes e café passado na hora - que adoravam - e guardava o que sobrava do café na geladeira bebendo-o durante o dia. Fumante inveterada, tomava o café para fazer a "boca do pito", o que a matou!

Seu pai e o tio "caçula" chamavam o seu grande amor de "Romeu"- sempre gozadores! Tinham dias e horários na semana definidos que se encontravam e todos sabiam quais eram. Ela desligava o telefone, não se podia bater na sua porta, pensando ele que, por pudor ou vergonha desta situação que ela assumira, contrariando a rígida educação que tivera - se "escondiam"!

Ele evitava se encontrar com o "Romeu" nas suas entradas e saídas do apartamento dela - as portas de entrada eram de frente um do outro, sabia dos horários e tentava não passar ou sair de sua casa nestes dias e hora, respeitava esse tempo íntimo dela.

Mas às vezes, era inevitável o encontro e se cumprimentavam - era boa pessoa o "Romeu". Não se lembrava do seu nome, só "Romeu". E ficou!

Veio a falecer tempos depois que ele se formara e casara, deixando-a triste e desamparada, o que fez com que lhe desse atenção e carinho, a trazendo nos fins de semana no almoços de domingo que fazia na sua casa, para com seus pais passarem bons momentos juntos, como aqueles que tiveram naquela época da quitinete.

Ótima cozinheira era, como todas as filhas italianas que se prezava, fazia a sua famosa língua ao molho de tomate com azeitonas pretas - era a melhor língua da família segundo todos os irmãos, deliciosa, adorada pelo seu pai e tio inseparáveis, que iam pelo menos uma vez por mês, aos sábados, almoçar na sua casa.

Ele também, depois de casado ia lá junto com eles verem sua tia e comerem a iguaria. Não gostava até então, mas aprendera a apreciar e a comia. Era uma delicia mesmo! Bons tempos aqueles! Muito querida ela fora com ele e sentiu bastante sua perda!

Estava nesta época morando e trabalhando no norte do país e soube depois por sua mãe que lhe contou quando veio para visita-la. Ficou bem triste. Agora Romeu e Ela vivem juntos a sua história de amor eterno!

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Fernando Ceravolo
Enviado por Fernando Ceravolo em 14/11/2020
Código do texto: T7111343
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