A dona da loja
A DONA DA LOJA
Estavam tão perto de mim que não pude deixar de notar:
duas mulheres se encontram, naturalmente conhecidas...
(Embora para uma delas isso importe tão pouco que merece nada mais que um “oi”, melhor oferecido para si mesma que para quem a interroga).
Ingênua, a primeira superdimensiona o valor da outra e insiste em perguntar-lhe coisas que justificam a familiaridade.
Secamente responde a segunda, com monossilábicas expressões e ar de quem daria tudo para interromper a conversa que teima em continuar.
Observo a cena com um misto de piedade e indignação,
tal o nível de descaso e ar de quem se julga superior.
Até que nem creio, mas ouço:
- Estive em tua loja e comprei uma bela calça!!!
Então neste momento, reage a DONA DA LOJA:
- Foi mesmo? Como vai tua família?
E coincidência ou não, um sorriso se abre.
Tão amarelo e apático quanto à DONA DA LOJA.
(Sandra Lima Costa Melo)