“U beiço tá custumado dona !”

29.03.2018

Ao Ramiro Capataz da Fazenda

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Cavalgavam pelo pasto da fazenda em dia calorento, de sol a pino, fazendo com que os cavalos suassem muito, deixando seus corpos luzidios e espumantes. O gado pastava pelo capim alto e verdejante, em terreno ondulado de colinas suaves e de poucas árvores. Tórrido, o dia seguia.

Ia ele, a esposa, a sogra e o capataz. Homem rude, acostumado com a lida do dia a dia bruto da propriedade e no trato dos animais.

"- Fiadaputa as vareijeira, bota usberne nas coitada qui num cunségui nem anda dereito! Ói aquel bezerrin lá, tá quié só berne! Putamérda vamu gastá muito lepecid pra cura as coitada!

Ele e a esposa riam da situação: ele "xingando" e a sogra carrancuda. Braba! Até que não conseguiu mais aguentar tanto "palavrão" e disse ao capataz:

"- Ao invés de "xingar" tanto por que não diz: deus do céu, cruz credo, caramba , por exemplo?"

Ele não se perturbou e de pronto respondeu:

"- U beiço tá custumado dona! Tem jeito não, sai sozim da boca dá genti. Nóis num percebi!"

Ela muda ficou com a resposta. Não tinha o que retrucar. Ele não mudaria seu jeito simples e direto de falar, sem pudor ou constrangimento. Era rude e sempre seria.

E continuou com o "beiço custumado", a sogra muda, carrancuda e braba e ele e a esposa rindo da situação.

E assim seguiu a cavalgada, inesquecível!

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Fernando Ceravolo
Enviado por Fernando Ceravolo em 31/10/2020
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