“Mão na massa”
25.03.2018
29
Está na fase de "faça você mesmo", aposentado, com tempo e precisando se ocupar. Há quase três anos sem trabalho, já sexagenário, com mercado difícil em sua área pela recessão da economia no país, iniciou atividades domésticas. Um passatempo.
De início, coalhada fresca usando receita de seu pai, depois ricota segundo a maneira de talhar o leite com vinagre e já é especialista nestas duas atividades. Ficam ótimas suas coalhadas e ricotas frescas, cremosas e delicadas. Saudáveis.
Mas sempre quis fazer pão, o alimento primordial da humanidade.Via as pessoas amassando a massa com as mãos, apertando-a entre os dedos, fazendo rolos, bolas. Seria igual a brincar de "massinha" da sua época de criança.
Viu receitas simples na internet, comprou as formas e se pôs a colocar a mão na massa para fazer o seu pão de cada dia. Sua mulher tinha já feito tempos atrás pão de milho e o ajudou com a receita de parente "pampeira" - da serra gaúcha. Era também essa atividade a de "aproximação de casais", terapêutica.
Mistura-se farinha, fermento, sal e água e surge então aquela "farinhada" úmida e pegajosa a ser amassada com as mãos. Com força e empenho "amassa a massa" e sente sua gostosura, seu cheiro, seu contato quente e úmido, o grudar nos dedos, igual era brincar de com a massa de modelar.
Talvez, por isso quisesse tanto fazer pão: para se lembrar de sua meninice.
Várias fornadas fizeram: umas boas, outras ruins com o pão ficando queimado, mas com o sabor bom - seu forno mais parecia um maçarico, difícil de acertar o ponto de assar. Não podia ser aberto - o pão murchava. Coisas de "padeiro" que começou a conhecer e teria que dominar.
Mas o prazer de pôr a mão na massa superava todos os insucessos.
Valia a pena fazer o nosso pão de cada dia!
https://blog-do-cera.webnode.com/