"Estranho no ninho"
14.03.2018
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Estava bem na frente da porta de entrada na varanda da sua casa. Em folhagem que plantara para proteção do sol que inundava, com a sua luz forte e quente logo ao nascer, a mesa do café da manhã : um ninho de "rolinha". Dois filhotes, que chocava dia e noite estática e compenetrada no seu ofício de mãe. A via ali todos os dias ao abrir a casa antes de sentar-se à mesa - ela sem nenhum movimento ou piscar - uma estátua por horas a fio.
Impressionava sua abnegação! Dava-lhe '"bom dia" e falava como se fossem duas crianças, naquele linguajar característico e bobo.
Um dia, sem ela estar cuidando do ninho, subiu para vê-los e espantou-se com seu tamanho - pareciam do mesmo do da mãe, enormes os danadinhos, já com penas formadas, não ralas como as dos recém-nascidos, bico definido. Enfim, prontos!
Estáticos também estavam - a autodefesa natural e instintiva contra os predadores. Havia um gato que vinha quase todas as noites, deixando seus pelos no chão bem embaixo do ninho, onde se deitava, cuidando para que, caso um deles caísse, teria de bandeja seu jantar a seus pés, ou patas.
Olhou com carinho os filhotes, e na linguagem infantil que mantinha, foi esticando sua mão para fazer carícias na cabecinha de um deles e, "vrummm", lá se foi um assustado, voando para não se sabe aonde. O outro ficou pelo menos! Entrou em pânico, pois poderia estar o gato por perto e engoli-lo. Procurou por todo o terreno e nada do filhote. O bichano também não estava lá; ficou mais tranquilo, menos mal!
A mãe, empoleirada em galho de arbusto perto, atenta, observava a cena, talvez até severa pela sua ação desastrada, mas preocupada com certeza com o ocorrido. Pediu-lhe desculpas, e, que iria encontrá-lo e recolocá-lo no seu ninho, desse um tempo. Promessa era dívida.
Foi iniciar seu desjejum e aparece faceiro no chão da varanda o fugitivo, olhando matreiro para ele como se tivesse se escondido muito bem, mas agora, queria voltar para sua casa, o "pequitico" indefeso e assustado. Pegou-o com cuidado e firmeza para não lhe machucar e fugir, e cuidadosamente foi levando o danado para o ninho. Ao recolocá-lo, "vrummm" voa o outro! Praguejou pelo seu mau jeito - era realmente um estranho no ninho deles!
Mas desta vez, viu aonde pousou e foi atrás de imediato, devolvendo-o ao seu devido lugar. Aninharam-se um sobre o outro, era já pequena a sua "casa". Promessa feita, promessa cumprida!
Esperou a volta da mãe que presenciou impassível às cenas, e pela demora, pensou consigo que já fosse tempo dos "pequenos" alçarem voos mais altos. Desejou que fossem bem altos, senão, o gato os pegará certamente!
Dias depois, saíram do ninho: um voou para a trave do telhado perto dele, que os observava; o outro, mais ousado se foi para o terreno pousando em viga baixa, quase no chão, da estrutura de apoio em madeira da caixa d'água externa da casa. Este foi acompanhado pela mãe e, pai - acabara de conhece-lo.
Agora é seguirem o seu caminho. O ninho vazio ficará esperando novos "pombinhos", que ele cuidará, mas sem ser um estranho no ninho!
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