“Mata moscas”
11/03/2018
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Verão, época úmida e com chuva quase todos os dias. E das moscas também! Incomodam, zunem por todos os lugares, entram em casa, principalmente na cozinha, "sentam" na mesa, pia, nas comidas, e em você causando a sensação de sujo - a condição ideal de incomodo que nos provocam.
Mata inseto de spray, matam algumas, mas são muitas e logo reaparecem. Raquete de tênis "elétrica", com seu choque e cheiro de queimado, difícil de acertá-las - são rápidas e ágeis.
Lembrei então, que meu pai tinha um mata moscas de cabo de madeira cumprido, e na ponta, uma aba larga de plástico quadriculado, antigo, tradicional, bem elástico, que as matava com maestria e prazer. Vivia com ele de manhã à noite, com aquele sentimento sádico de acertá-las antes de poderem fugir, se vangloriando de ser mais rápido que elas. Seria a solução, pensei.
Fui à loja que tem de tudo e pergunto à atendente:
- Bom dia, tem mata moscas de cabo de madeira dos antigos?
- Sim, temos! - me levou até ele.
O encontrei dependurado junto de outro todo em plástico, o cabo e a haste. Experimentei os dois, o de cabo de madeira era melhor como já sabia. Vou para o caixa alegre, balançando ele na mão e ansioso para voltar para casa e matá-las, as insuportáveis moscas.
Logo que entro no balcão, tem uma ali à minha espera - "plaft",a acerto de primeira para espanto e susto da moça do caixa, e das outras pessoas que estavam nos outros ao lado. Deram risadas da minha ação repentina e decidida.
-Funciona bem, não? - digo para ela balançando ele freneticamente, ansioso para acertar as que aparecessem.
Vem outra no seu "zig zag" típico e pousa na sua testa! Fixo meu olhar firme na mosca ali à minha espera. Faço leve movimento instintivo levantando-o para soltar o golpe. A moça atônita, e em fração de segundos, balança a cabeça para que fuja o inseto intrometido, apavorada pela minha intenção e foco transmitida pelos meus olhos arregalados e em posição de ataque com o mata moscas na mão!
Abaixo-o e sorrio para ela:
- Foi por pouco hein?
- Pois é, mas o senhor não iria me acertar não é mesmo? - responde a caixa.
- Claro que não! -mentindo.
Outra mosca pousa na bancada e a abato de primeira, "plaft". Fica estatelada e inerte sobre ele. Sorrio de prazer.
- Funciona bem, não? A caixa sorri nervosa.
Pago, e exultante pelos testes, fico vigiando se outras aparecem para usar meu novo brinquedinho, obcecado. Minha mulher entra na loja logo após matar a última, me vê com ele balançando e me diz:
- Está bem agitado hoje hein, Fernandinho?
Pega a minha mão e me leva embora, como se fosse um moleque daqueles bem endiabrados. Como se fosse?
As moscas que se cuidem!
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