Semáforo
No semáforo, aguarda parado o sinal.
Vermelho, atenção desatenta.
Olha pra cá e pra lá num leve mover de olhos. Carros e pessoas num ritmo frenético. Como era sua vida. Constante de movimento. E agora, nulo de agilidade. Movimentação estática de um corpo que não age. Ação, só o sangue a correr em suas artérias. O ato atado sem cinto.
Parado no sinal, aguarda o semáforo.
Amarelo, impaciente paciente.
A pressa, presa numa cadeira, que, com um leve mover de dedos guia seu corpo pra cá e pra lá. Apenas o ar agindo e voando pelos seus pulmões. Indo sem ir, volta sem ida.
Aguarda o semáforo parado no sinal.
Verde. O cinza do asfalto.
E ali, corre em seu pensamento, liberta e solta, a lembrança dos fatos, antes guardada em seu bagageiro cerebral. O carro guiado em aceleração retilínea uniforme. Pela janela, ruas disformes e velozes passavam ao seu lado. De súbito pararam onde começava o muro.
No final da rua, aguardava a ambulância.