Tempos modernos

– Dirceu, onde está a chave do carro?

– Ué, não está com você?

– Não vai me dizer que você perdeu as chaves de novo.

Passei o dia procurando, até que encontrei-as em cima da máquina de lavar.

No outro dia comprei um porta-chaves e instalei na parede ao lado da porta de entrada. Expliquei que todas as chaves deveriam ser colocadas ali de agora em diante. Nos primeiros dias até que colocaram, mas semanas depois lá estava eu procurando a chave do portão.

Perguntei ao marido, aos filhos e ninguém sabia onde fora colocada. Resolvi então colar uma folha sulfite na porta em letras garrafais. Coloque a chave no porta-chaves ao lado.

E não é que deu certo.

Mas outro dia mesmo procurei o abridor de latas. Não estava na gaveta de costume. Procurei uma meia hora e atrasei o almoço. Até que fui encontrá-lo dentro do cesto de pão. Essa é boa. Fiquei admirada de como foram colocar lá. Mas tudo bem, vou ficar de olho em quem vem desarrumando minha cozinha.

Passei a ser uma pessoa mais observadora e vi quando meu filho estava com um chinelo diferente do outro.

– Mas o que é isso Tonico, o que você está fazendo com chinelos diferentes ?

– Ah mãe, eu não achei o outro pé do meu, aí eu peguei um pé do chinelo do pai emprestado.

– Não é possível uma coisa dessas. Como você perde um pé do chinelo dentro de casa.

Até o meu cãozinho, o pipoca, parece que perdeu alguma coisa.

No entanto, o pior foi no dia do aniversário da minha filha Maria Flor, faltou energia elétrica. Falta de pagamento, a conta não chegou...ou ninguém se lembrou de pagá-la porquê não estava lá em meio as contas do mês.

Aí a situação me deixou estressada. Vou ter que espalhar avisos pela casa toda. Então passaram a me chamar de dona perfeccionista. Longe disso. Mas eu acho que é algo que vem acontecendo em todas as casas. Pedi a minha vizinha uma xícara de açúcar e quando coei o café era sal. Reclamei com ela, que me disse que havia trocado a vasilha de sal pela de açúcar. Tudo bem.

Então contei a minha tia a falta de organização em minha casa e ela me disse que eu não me preocupasse pois hoje em dia nós temos muitas coisas com que nos preocupar e me disse que estava atarefada com um monte de serviço em casa e ao encontrar um compadre e trocarem umas palavras ela se despediu com um equívoco. O compadre se chama Benedito e a comadre Carmem. Aí ela soltou um: – Seu Benedito, mande um abraço para a comadre Benedita.