As Quedas

Esta narrativa conta uma estória real, vivida por amigos de meu convívio. Como os fatos comportam exemplos que podem servir de alerta para aquele leitor que tem o hábito de conduzir uma motocicleta, achei por bem publicá-la, com fim de demonstrar o que significa na prática o perigo de se pilotar uma moto em estado etílico um pouco avançado.

Quem vê esse título acima e não conhece o histórico de alguns “atletas” que pertencem ao quadro do Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso do Sul, logo imagina que algum presidente de um País ou, de uma entidade representativa; está na iminência ou já perdeu o cargo, por força de imposições legais ou por razões de ordem política.

Mas não é nada disso...

Ocorre que uma partida de futebol jamais seria a mesma se depois dela não existissem as comemorações regadas por uma cervejinha gelada. Aí é qe mora o perigo, pois alguns desses “atletas” voltam para casa equilibrando, ou melhor, “desequilibrando” em cima de uma motocicleta.

PRIMEIRA PARTE:

No primeiro episódio, depois de uma prolongada “saideira” - patrocinada de forma fictícia pelo nosso companheiro Alguimar – deparamos com a primeira queda deste ano de 2006; sim, porque outras quedas já foram observadas no passado, mas que neste momento já foram esquecidas.

Repriso a estória, como se fosse narrativa de um personagem, posto que não posso identificar o próprio autor, por respeito à credibilidade deste texto e também porque não posso comprometê-lo perante aquele leitor que eventualmente poderá taxá-lo de um ébrio inconseqüente.

Dito personagem – depois das incursões pelos incontáveis números de copos degustados - guardou sua bolsa com o material esportivo no baú de sua motocicleta e deu a partida em seu veículo de duas rodas e não chegou a percorrer uma quadra e já tinha esquecido de um fato que tinha acabado de executar. Parou a moto, desceu e verificou que havia esquecido de uma coisa que tinha lembrado, pois a bolsa (com seu material) estava guardada no baú da motocicleta. Incontinenti, deu prosseguimento à sua locomoção, foi quando na primeira curva à esquerda; uma queda lhe fez lembrar que há segundos atrás tinha realmente esquecido uma coisa muito importante, ou seja, não tinha retornado o descanso da motocicleta.

Infelizmente, a lembrança do fato que gerou a queda só se deu depois que este personagem estava estatelado ao chão, sendo acalmado e recebendo o auxílio de um companheiro que estava menos ébrio; o amigo João Roberto – o “Beto”.

Resultado: inúmeras escoriações pelos braços e pernas, pois a queda o fez rolar pelo asfalto, conduzindo-o na horizontal até ser freado pelos arbustos do canteiro central, tendo uma sorte incrível de não existir meio-fio e também pelo canteiro não ter formação superior ao nível do asfalto, ou melhor, o canteiro funcionou como se fosse uma cama que amorteceu o impacto. Sorte de um bêbado que estava protegido pelos seus anjos da guarda de Lá e de cá, pois contou com a imediata ajuda de seus companheiros que chegaram ao local e se empenharam no resgate. Aliás, quanto a essas providências, esta ocasião é de agradecimento aos inesquecíveis “bombeiros” do momento e que hoje são testemunhas desse episódio. São eles: João Roberto Túlio; Alguimar Silva, Laerte César Gonçalves e Edson Ferreira dos Santos.

SEGUNDA PARTE:

O segundo episódio é mais recente e o personagem ainda está com as marcas chamuscadas pelas chamadas “raladinhas” no asfalto.

Tudo ocorreu como uma reprise; depois das prolongadas “saideiras”, curiosamente também abrilhantadas pelo embalo do “vice-corneteiro” Alguimar que também é músico e anima os pagodes, acompanhado por este narrador com os acordes de minha timba.

Nosso personagem foi jogar uma partida de futebol na sede campestre do SINDIJUS (Sindicato dos Funcionários do Poder Judiciário-MS) no período da manhã e só se retirou do local no crepúsculo da tarde, depois de muita insistência do “bar man” que tinha outros compromissos.

Nosso colega pediu para o Alguimar lhe fazer companhia no trajeto, pois os dois estavam de motocicleta e certamente concluiu que duas motos transitando juntas não correria risco de queda. Ledo engano!

O Alguimar pisou fundo, ou melhor, empunhou o acelerador com força, deixando nosso personagem para trás que no início também acelerou, mas como as árvores localizadas no Parque dos Poderes já o estavam ultrapassando (isso no seu delírio etílico) ele sentiu-se na carne do Rubinho Barrichello e concluiu que não ia alcançar o Michael Schumacher. Resultado: Parou com a loucura de correr. Desistiu de alcançar a “Ferrari” do Alguimar.

Enquanto isso transitava à frente do nosso personagem uma visível, uma nítida, uma cristalina Honda Civic, que andava normalmente por uma das avenidas que tem acesso ao Parque dos Poderes. Não obstante, em face uma rotatória, a motorista iniciante da Honda Civic acionou o freio em desproporcional capacidade de reação do nosso amigo condutor da motocicleta, ou melhor, a rispidez da frenagem era diretamente desproporcional com o estado de lucidez do nosso amigo que não conseguiu evitar o abalroamento.

Os fatos posteriores é que são hilários. A mulher que estava ao volante do Honda Civic – uma aprendiz sem habilitação – Dizia desesperada: - Socorram o moço da moto! Socorram o moço da moto!

Nosso colega personagem; aos poucos viu a cag.... que havia aprontado e sabendo no seu estado etílico, ficou calado. A mulher do Honda Civic falava com ele e ele virava o rosto e fazia gestos com as mãos, insinuando que estava tudo bem. A mulher virou-se para o marido que estava em sua companhia (como instrutor) e lamentou-se: - Olha que azar meu bem, além de machucar o motoqueiro ele é mudinho. Veja que ele não consegue dizer nada! - E agora o que nós vamos fazer?

O nosso personagem vendo o desespero da mulher tentava acalmá-la com gestos, colocando a mão na boca na tentativa de demonstrar que não podia abri-la (para não exalar seu bafo de onça), mas nada disso continha a coitada que chamou uma patrulha da Polícia Florestal (com guarnição bem próxima) no sentido de que os milicianos vissem socorrer nosso moribundo.

Evidente que essa situação deixou nosso personagem ainda mais sem saída, pois agora também teria de dialogar com os policiais. Nisso vislumbrou uma saída, eis que nesse momento se aproximava do local o André do bar do SINDIJUS, que vendo o nosso colega naquelas condições veio ao seu encontro na tentativa de apresentar-lhe solidariedade e ajuda.

O André se aproximou e logo disse ao nosso personagem que estava com um veículo utilitário e poderia levar a sua moto e ele próprio para casa. Nosso personagem, imediatamente, tirou o André do meio daquelas pessoas, com a cautela de localizar um local que o odor do bafo não fluísse para as narinas dos interessados e de forma inesperada exigiu que o André fosse até um comércio próximo comprar balas de hortelã. Evidente que o André não entendeu a razão desse desejo inesperado, mas acalmou nosso personagem afirmando que não era necessário sair do local para comprar as balas, pois as tinha dentro do seu veículo.

Só aí, depois de uns minutos mascando bala de hortelã é que o nosso personagem se dirigiu aos policiais e à mulher que a essa altura já estava mais calma, justificando que deveria ter perdido a fala em razão do trauma da queda. Mentiroso não!!!

Felizmente, esse episódio também teve um final feliz. O nosso personagem - graças à bala de hortelã do André – conseguiu negociar com o casal o aspecto material do acidente e foi para casa dormir e cuidar dos seus “raladinhos”.

Machadinho
Enviado por Machadinho em 25/10/2007
Código do texto: T709098