“A Vida é um Ciclo”
12/10/2020
275 - SCRGR.
As famílias chegaram à praia, entusiasmadas e alegres. As crianças, alvoraçadas e loucas para irem ao mar. Eram duas famílias: uma com um casal de filhos; a outra com um filho menino.
Instalaram-se quase junto ao quebrar das ondas na areia, lançando sobre ela as suas coisas: cadeiras, esteiras de palha, coolers e outras tralhas. Estavam felizes, por um dia na praia ensolarada e quente no inicio da primavera.
As três crianças, impacientes, já com as suas pranchas de mori bougie coloridas nas mãos, prontas para irem "pegar" as ondas ali à sua frente, chamando-as com o seu marulho inebriante.
-Pera ai! Antes de entrarem no mar, vamos passar o protetor solar em vocês. - diz a mãe do casal de filhos, que brigam entre si para ver quem seria o primeiro a ser untado. O outro menino, sorridente, com a sua mãe lhe passando o creme sem concorrência. Lambuzados de protetor solar, agora estavam protegidos.
Pegaram novamente as pranchas e fizeram menção de irem ao mar, quando escutam:
-Não, não podem ir agora! Têm que esperar cinco minutos para secar o creme para não sair na agua. - diz a mãe do casal de filhos.
-Ah mãe, deixa a gente ir já, vai! - fala um deles angustiado.
-Não! Passa rápido. Espera um pouco, o mar não vai embora não. - impõe ela firme e decidida.
Desapontados e carrancudos, os três ficaram revolvendo a areia enquanto a hora tão esperada não chegava.
-Já deu mãe?
-Ainda não, espera mais um pouco!
Impacientes como são as crianças, ficaram todo o tempo da espera perguntando se já podiam ir ao mar.
-Podem ir agora! - fala finalmente.
Saem os três felizes, correndo desenfreadamente com largos sorrisos de alegria, fazendo enorme algazarra ao entrarem na fria agua do mar, que os abraça. Uma festa.
Ele assistia a cena a certa distancia. Lembrou-se então, de quando fazia a mesma coisa trinta anos atrás, com os seus dois filhos de cinco e seis anos na época. Acordavam cedinho os três e iam para a praia, com eles loucos para entrarem no mar. Ao chegarem, passava antes também o protetor solar nos seus corpinhos roliços, cheirosos e frescos, com eles nos seus intermináveis falatórios infantis, vivos e puros, enquanto os lambuzava - uma deliciosa e inesquecível ação entre pai e filhos. Também, os segurava por um tempo para que o creme secasse e pudessem ir ao mar protegidos. E da mesma forma, ficavam perguntando minuto a minuto se podiam ir nadar. Rememorando a cena: uma grande ato de amor que adorava faze-lo. Inesquecível. Agora, quem sabe, fará o mesmo com os seus netos ainda por vir. Quem sabe.
A vida é um ciclo, pensou saudoso, apreciando os garotos brincarem com as suas pranchas nas agitadas ondas azuis do mar, como faziam os seus filhos há trinta anos. Bons tempos!
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