"A curiosidade nos move!"

06/10/2019

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Descia a escada de acesso à estação do metrô, que era aberta e encostada em um enorme barranco quase sem vegetação e sujo de lixo, quando vi de relance um pequeno vulto que me chamou a atenção. Voltei minha visão para o terreno e não vislumbrei nada que se movimentasse. Havia somente um meio cano de esgoto ou de águas pluviais, seco, encravado na terra. Uma perfeita toca.

-Ah! Deve ser uma toca de ratos. Foi o que eu vi, com certeza, um rato! Pensei.

A escadaria era de dois lances e de sua plataforma, encostando-se ao beiral, era possível observar a entrada da toca. Nada se mexia, tudo quieto, como se o ocupante me pressentisse. São extremamente sensíveis e inteligentes, os ratos. Fiquei um curto tempo parado, estático, observando. "Cadê ele? ".

As outras pessoas descendo a escada deveriam estar afugentando o bicho. Mas deveria estar acostumado com esse fluxo de pessoas, pois morava ali. Coisas de rato, tímidos e precavidos!

Os roedores são um grave problema, para as instalações das vias do metrô, a ponto de manterem um setor com especialistas em seu combate. Eles roem constantemente, qualquer coisa, como as fiações de energia das linhas dos trens, causando danos significativos.

Os ratos precisam morder sempre algo para evitar que seus dentes cresçam em demasia e tranquem suas bocas. Também fazem controle de natalidade instintivamente. Suicidam-se em massa quando se torna insustentável sobrevier em dada situação e condição. Soube por notícia, anos atrás, que em um local de Israel, milhares de ratos saltaram de um penhasco para morrer, reduzindo os indivíduos daquele grupo ao ponto de garantir a sobrevivência da espécie naquela região. A natureza é incrível.

- Amanhã eu o verei, certeza! Segui meu caminho sem esquecê-lo. A curiosidade mata, não é?

No dia seguinte, desço a escada com cuidado e curioso, olhando fixamente para a toca. Nada!

- Cadê o danado? Fico ali parado, olhando para a entrada da sua casa, esperando ele aparecer. Mas será que era mesmo um rato o vulto que vi? A questão ficou. Observei a toca por uns bons minutos e nada de movimento. "Ele deve sair à noite, claro! "

O tempo passou e não consegui descobrir o que vira naquele dia. Fui esquecendo dele até me desinteressar. Mas descia a escada dando uma olhadinha, por precaução. A curiosidade mata, não é?

Em um belo dia, como de costume, descia a bendita da escada com os olhos para a toca e o vi: um rato! Não deu para ver o corpo todo, mas parecia um filhotinho, com seu focinho afunilado, olhinhos pretos como duas cabeças de alfinete e bigodes grandes. Simpático! Estava quase saindo, mas ao me pressentir, recuou um pouco e sumiu para dentro de sua casa.

- Sabia que era um rato, tinha certeza! A curiosidade nos move, não?

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Fernando Ceravolo
Enviado por Fernando Ceravolo em 11/10/2020
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