"meio período"
10/11/2019
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Fazia tempo que não ia ao clube nadar, quase dois meses, resolvi ir hoje. Peguei o metrô na Estação Sumaré e fui para a Oscar Freire. Desci e caminhei pela rua Oscar Freire, junto com as várias pessoas comprando, passeando ou simplesmente indo para algum lugar específico, como eu. É uma das ruas do "quadrilátero do luxo" da cidade, com suas lojas de grifes nacionais e internacionais, pessoas de todos os tipos, tribos, gostos - uma plêiade humana, fora os cachorrinhos, cachorros, cachorrões, gatos, etc.: os "bichinhos" de estimação que passeiam com seus donos (dizem que os animais têm a sua cara).
Enfim, era por ela e com eles que andei até o clube.
Entrei e fui ao vestiário, onde tenho armário com grande amigo há mais de 20 anos, ou melhor, é dele e eu uso. Ficou paralítico em acidente de carro e não mais o utiliza, mas nada todo dia. Uma grande pessoa, admirável!
-Bom dia Fernandão! - cumprimenta-me Igor, um dos funcionários do clube que cuida do local, junto com outro. É baixinho, rosto redondo, cabelos negros, olhos vivos e negros, com um sorriso aberto e faceiro.
-Bom dia Dr. Igor!
-Quanto tempo que não vem aqui, hein, Fernandão? Estava pro Sul?
- Não, estou aqui esse tempo todo. É preguiça mesmo. Vou precisar de um roupão!
-Certo! Seu pedido é uma ordem. - brinca enquanto vou ao armário.
Começo a me trocar escutando sua conversa com outros sócios que chegam e lhe retribuem o cumprimento, como eu. Muito querido, o Igor!
Vou para a piscina, está nublado e começa uma pancada de chuva forte e típica do verão que ainda não chegou. Estamos tendo temperaturas desérticas ultimamente, em torno de 35, 37 graus, com dias tórridos. Dependuro o roupão debaixo do guarda sol do Salva Vidas e corro para a água, que está tépida e aconchegante. Meu corpo é engolfado por ela, deixo a cabeça fora recebendo os pingos grossos, frios e fortes do "toró". Sensação gostosa; é bom nadar.
Começo relaxado e prazerosamente em contato com a água quente até completar a metragem que defini, pouca pelos "padrões" que o pessoal da natação apregoa, "tem que nadar no mínimo de mil metros". Não o faço por obrigação, mas por prazer. Não é a quantidade, mas a qualidade do exercício que importa.
A chuva parou. Saio da piscina, visto o roupão e vou para o vestiário tomar banho. Foi bom o retorno. Tenho que quebrar a preguiça que me abateu esse tempo e voltar a fazê-lo, me relaxa e "desestressa". Água sempre foi o meu "meio", meu calmante.
Entro no vestiário, Igor me fala:
-Quer um cafezinho, Fernandão?
-Sim! De graça até ônibus errado. Rimos.
Tomo o café, doce demais. Brinco com ele que é café de pobre para adoçar a vida, que é muito amarga, pois rico toma sem açúcar. Ele ri e vou para o banho.
Volto e escuto as conversas que ocorrem na entrada, com risadas e gozações:
-Então Igor, você voltou quando? Tá sempre de folga, deve ter algum esquema com o pessoal do RH do Clube. - diz um sócio.
-Tenho não! Olha meu tamanho, eu só posso trabalhar meio período, "num guento"! - fala ele no seu metro e cinquenta e cinco de altura, pequenininho mesmo. Tinha lá sua razão. A risada foi geral, eu junto por sua observação perspicaz.
Realmente, deveria trabalhar meio período, mas sentiria sua falta, por sua alegria, vivacidade e cafezinho de formiga. Esse fato também me motivou a sair da letargia em que me encontro e retomar o nadar mais frequente, graças ao Igor meio período.
Grato Igor!
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