AS BARCAÇAS DO PARÁ

Lembro bem dessas Barcaças do Pará, tambem chamadas de Regatões Paraenses, quando atracavam na Escadaria do Tabuleiro da Baiana, cheia de mercadorias. Eram barcas ao estilo das Caravelas de Cabral. Elas vinham do Pará e vendiam as mercadorias aos comerciantes. O comerciante não comprava mercadorias de Manaus, e sim dessas Barcaças, que vinham lotadas de mercadorias, suas toldas vinham cheias de cachaça e potes de Barro empalhado com mel de cana, além dos produtos de consumo como: feijão, açúcar, arroz, jabá, etc, traziam outros produtos de necessidade da população. Como falei que vendiam, na verdade era uma base de troca, eles deixavam esses produtos na subida e na baixada eles recebiam os produtos que os comerciantes compravam da produção do caboclo, madeira, como: esteio, tábuas, pranchas, vigas, etc, couro de jacaré Tinga(branco) e Açu (preto), o Açu tinha muito mais valor que o Tinga, pirarucu sêco, cacau seco, couro de onça (que era caríssimo), couro de veado, castanha, borracha, juta, etc., que era abatido da conta, a diferença era recebida com produtos. Lembro que a gente tinha 2 tendais onde colocavamos o cacau pra secar, quando vinha a chuva, corria pra fechar o tendal, a mesma coisa o pirarucu, juta e couros, estendia no varal nas ribanceiras e ficava vigiando os urubus.

A dificuldade de comprar de Manaus, era que não tinha embarcação com máquinas potentes de chegar a capital, também devido ao Rio Amazonas, que era muito violento, além dos paus que desciam submersos, causavam muito acidente levando muitos barcos ao naufrágio e muitas pessoas a óbito, um exemplo, é que os Barcos demoravam de 30 a 36hs para chegar a Manaus na subida.

Como falei, essas Barcaças eram ao estilo das Caravelas de Cabral, com um grande mastro no meio, só que motorizadas, acho que ainda deve ter lá pelas bandas do Pará.

O que eu gostava mesmo era do mel de cana que vinha nos potes de barro empalhado, o meu pai comprava, eu junto com meus irmãos, saboreavamos com banana após o almoço como sobremesa.

Saudade desse tempo das Barcaças do Pará, tempos bons que não voltam nunca mais.

Quem viveu essa época, sabe do que estou falando, que bom que possamos recordar esses momentos.

Já fiz uma crônica no passado, que denominei de "Os Regatões Paraenses", onde falei de uma maneira geral, agora estou fazendo mais esmiuçado.

Salve os escritores e poetas

Viva a Poesia Regional.

Que de melhor não se tem igual.