Chocolate Polonês
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Minha mulher me pediu para comprar uma caixa de bombons para o aniversário de uma amiga que faria oitenta e dois anos no dia seguinte. Estávamos os dois na casa que ela possui para alugar e a visita de um candidato à locação estava marcada para às 15 horas.
- Querida, enquanto você atende ao interessado, irei ao mercado aqui perto. Me deu vontade de comer um doce. Aproveito e já compro o chocolate para a sua amiga aniversariante.
- Sim. Veja algum com uma embalagem bonita e que seja gostoso também, por favor.
- Como eu, querida? - pergunto brincando.
Caminho pelas ruas do bairro residencial por cerca de cinco minutos até lá. Entro no supermercado e no corredor dos chocolates procuro o que me fora pedido: bonito e gostoso. Uma caixa diferente me chamou a atenção, peguei-a para vê-la melhor. Eram bombons poloneses de amêndoas; o preço era acessível também.
- Chocolate polonês! Será que é bom? - reflito. Levei uma caixa.
Comprei para mim três barras de chocolate nacional, com 60% de cacau, achando que era com amendoim. Confundi e só percebi quando fui "matar" a vontade de comer um doce. Não tinha amendoim.
Cheguei de volta a casa e, no interior do imóvel, minha mulher atendia ao interessado. Ouvia suas falas. Coloquei o pacote no porta-malas do carro e aguardei deitado na rede que havia no terraço frontal da casa. Comecei a balançar e o embalo me fez tirar um cochilo. Estava fazendo a digestão. Tínhamos almoçado em um restaurante perto que serve churrasco bom e barato. Estava faminto e mal-humorado, mas melhorei depois de comermos, fartei-me de maionese de batata e chuleta na tábua.
Acordei com a fala da minha esposa:
-Conseguiu comprar o presente para amanhã?
- Sim, querida. Está no porta-malas.
- Que bom! Depois eu vejo. Vou ajeitar aquele canteiro de flores antes de voltarmos, pode ser?
- Sim, vou continuar aqui na rede.
Ficamos mais de uma hora e meia na casa, com ela refazendo todo o canteiro, replantando-o. Eu aguardava na rede, no cochila e acorda.
Tudo resolvido e ajeitado, entramos no carro e pegamos o caminho de volta a nossa casa, no norte da ilha.
Ela foi guiando e comentando sobre a interessada, que eram seis pessoas, que queriam montar uma clínica para pacientes especiais, etc. e tal. Então, mudando completamente de assunto, fala:
-A aniversariante adiou para a semana que vem nosso encontro. Mas o presente já está comprado "né" querido. Quem bom!
-Sim. Achei um pacote bonito de bombons de amêndoas polonês.
-Chocolate polonês? Será que é bom?
- Ué, agora que sua amiga adiou, podíamos experimentar esses bombons, não é? - digo marotamente, esperando que ela topasse, pois eu estava muito interessado em experimentar o chocolate "polaco".
-Fernandinho, acho que já comprou com essa intenção?
- Pois é, fiquei curioso sim, já que nunca comi chocolate de lá.
- Ah! Desconfiei - brinca ela.
Chegamos a nossa casa, mostrei o presente para que visse e desse a sua opinião.
- Que embalagem bonita? Parece gostoso também, hein Fernandinho.
- Viu, não disse! Agora só experimentando para sabermos se é bom? - digo na expectativa que ela aceite comermos um deles.
- Eheheh, está querendo me enrolar é ? Vamos guardar na despensa. Parece criança, louco para comer chocolate.
Coloquei-o, desanimado como uma criança desapontada, na prateleira do armário em que ficam os mantimentos. E quando abria a porta via o pacote do chocolate "polaco" ali, seduzindo-me. Uma tentação danada!
Dias depois fomos novamente a casa para mostra-la a outro interessado em aluga-la e comprei um pacote dos bombons poloneses. São ótimos e minha mulher adorou também.
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