Aprendendo com as crianças: observando e absorvendo.
Estava eu ali a olhar aqueles meninos. Eles estavam derramando energia pelos poros, e se tem duas coisas que me deixam numa felicidade com gosto de tranquilidade é pássaro livre cantando e algazarra de crianças.
Parei ali como expectadora, eles não se incomodaram com a minha presença, estavam em um projeto que não permitia distrações: confecção de pipas!
Os três sentados ali no chão, pareciam periquitos em pé de caju. Uma falação e tanta, alegres, mas concentrados.
Aquele projeto de alto valor, composto de papel de seda, taliscas de folhas de coqueiro e sacolas de supermercado para a rabiola, não podia dar errado. Sim porque uma boa pipa ou papagaio precisa ter uma boa rabiola também. " Me empresta, a tesoura aí." " Segura aqui."
"Uh! Você viu o tanto que aquela pia voou?"
"É... A gente tem que fazer essa daqui ficar boa, porque ela não quis subir, ficou girando parecendo um portal abrindo!"
Enfim, a conversa seguiu em frente, mas eu fiquei refletindo ali sobre o que estava testemunhando:
A pipa não tinha preço, mas tinha valor.
Os meninos se uniram em equipe para fazê-la, porque se um ajudasse o outro, todos brincariam, se beneficiariam no final.
Eles compartilharam o que tinham, objetos e ações.
Eles se mantiveram no foco, mas não perderam a alegria.
Eles se sentaram no chão, ninguém se sobrepôs a ninguém, mesmo que de fora desse pra perceber que um demonstrava liderança, não o fazia por imposição.
Os outros tinham suas pipas boas, mas pararam para ajudar aquele que não tinha, promovendo a equidade e a igualdade.
Quanto a mim, fiquei ali de aluna, só observando e absorvendo.