A visitas inesperadas. Continuação.

O primo e a esposa que não esperavam pelas visitas, não tiveram como recebê-las como pretendiam. O quarto de visitas estava sendo ocupado pela tia da esposa. A mesma que atendera a porta quando chegaram Guilhermina e a filha.

O casal dispunha apenas de um quarto de costura onde poderiam colocar uma cama. A outra teria que se virar no sofá da sala. Afinal, para os donos da casa as duas vieram para um final de semana.

Ficaram frustradas, mas aceitaram a oferta. E depois quem sabe a tia de Maria do Céu voltasse para a casa dela.

Duas semanas era o máximo que os donos da casa pensavam que as primas permaneceriam. E como eram exigentes as duas. No café da manhã, que por sinal era de fartura, pediam a dona da casa que fizesse panquecas, mas que não as deixassem borrachudas. O café pediam sem açúcar, cada qual tinha preferência, uma mais amargo, a outra mais doce.

Guilhermina que ficou com a cama da sala de costura, pedia que seus lençóis, fossem trocados a cada dois dias, e dava preferência ao branco. A filha também era bastante exigente. Pedia que Maria do Céu passasse suas roupas com cuidado.

Ao fim de três semanas as relações começarem a ficar estremecidas. Maria do Céu perguntava ao marido quando as parentes dele partiriam e ele dava de ombros, com o semblante nitidamente aborrecido. O bom dia já não era o mesmo, e as panquecas começaram a ser servidas borrachudas. Reclamaram apesar de tomarem o melhor leite, o delicioso pão de queijo, a melhor pamonha que já experimentaram. A casa era impecável, de um asseio inigualável, e as duas nem sequer lavavam um copo.

Então o primo teve uma ideia, partiriam todos para o sítio da família para uma temporada. As primas adoraram o convite. Partiram em um dia bem cedo, apesar dos protestos da filha de Guilhermina em acordar tão cedo.

Ficaram conhecendo um mundo novo. Nunca tiveram proximidade com a vida no campo. Tiveram medo de se aproximar do galinheiro e serem bicadas. Do pasto e levarem uma carreira de alguma vaca. Foram então conhecer a queijeira. E nunca imaginaram como era feito o queijo. Viviam elogiando o ar puro do campo, o pôr do sol maravilhoso e as refeições deliciosas do fogão de lenha.

Passaram se três meses e preferiram ficar no sítio, lá cada qual tinha o seu quarto. O primos iam e vinham aos finais de semana e elas não davam sinal de irem embora. Mas um dia o casal se surpreendeu. As primas arregaçaram as mangas e foram para a cozinha e não é que aprenderam a cozinhar muito bem com dona Zefa a mulher do caseiro. E ao fim de seis meses foram encontrá-las na queijeira fazendo queijos.

Maria do Céu se espantou com a transformação das duas. Estavam felizes com a vida no campo.