O “portão”
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- Olha quem eu vejo? Viu como está o meu "portão" agora? Venha ver querida, olha quem falou mal do nosso portão, o rapaz do blog! - dirigindo-se a nós.
Eu e minha mulher íamos pelo caminho para a praia, que passa por este terreno, onde antes havia um portão todo em madeira, reparado com pedaços, e por onde fugia o seu cão, o "Jab", "Bonitão" para mim, que várias vezes o encontramos vagando pelas ruas e pela praia.
Fez ele um muro no local do "portão" e colocou uma porta de aço já há algum tempo, o que me deixou triste, pois quando era o "retalhado", reencontrava quase sempre com o "Bonitão" pelas suas fendas nesse mesmo trajeto para a praia.
- Venha aqui ver só como ficou o PORTÃO agora! -chamando-me, o dono do "Jab", com um facão na mão, que cortava o mato que se acumulara na área em frente à sua nova entrada.
Ele é professor de muay thai, forte e jovem. Ficamos amigos pelas várias recolhidas e entregas que lhe fiz do "Jab" fugitivo, e também, pelo envio do texto de título "O Bonitão" que escrevi sobre o cão, ele e o seu "portão" e lhe encaminhei, motivo agora dessa sua brincadeira comigo.
Chegamos à porta do novo muro e vimos por ele, no terreno da sua casa, uma bela piscina, e junto à sua esposa com a segunda filha no colo, recém-nascida, "Jab", que veio calmamente me cheirar e lamber a minha mão, com a sua carinha meiga. Continuava querido ele!
- Ah, olha ele ai, o querido "Jab"! Faz tempo que não o vemos por ai, hein, maroto. Agora ele não tem mais como escapar, né Bonitão! - acariciando a sua cabeça.
- Ele ainda foge, não podemos bobear! Ele adora uma rua. - diz a esposa com a garotinha no colo, fofa e risonha, com olho azuis enormes. Uma gracinha.
Então, veio o filhote mais velho, de não mais de três anos, com vários bonequinhos nas mãos, jogando-os todos na piscina. Ele se junta ao "Jab", que bate em sua cintura, abraçando-o feliz da vida.
- Ele agora num vai mais "pra" rua ! Ele fica comigo sempre! - diz o molecote, feliz.
- É querido, sim ele é seu amigão, não é. Esse aqui é aquele moço que sempre trazia o "Jab" quando fugia, lembra. - fala o pai.
- Quando ele passava pelo portão cheio de buraco que tinha antes aqui, né pai! - responde o garoto, fazendo-nos rir pela sua resposta incisiva e direta.
- Ehehe, esse "portão" ficou para a nossa historia, falada e escrita! -fala o pai sorrindo.
Despedimo-nos e fomos para a praia. Desconfio que o meu texto tenha colaborado para o sumiço do portão!
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