“Coroavirus”

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Voltei a trabalhar inesperadamente. Estava em casa no Santinho, aposentado e escrevendo meus textos, quando recebo uma ligação de amigo antigo, que trabalha em uma fabrica de pisos cerâmicos famosa, me chamando para ajudá-lo em um projeto interessante. Ouvindo sua proposta e depois conhecendo mais um pouco, topei.

Já há dois meses no seu desenvolvimento, tivemos que vir a semana passada à São Paulo, para a feira anual de revestimentos cerâmicos, onde a fabricante tem um estande cativo e importante, para que me aclimatasse com esse novo mundo que estava conhecendo e vivenciando.

Também, o mundo vivendo nos últimos meses em total pandemia histérica com o "novo" Cornonavirus, o Covid-19 , que o paralisa dia a dia. Sou critico feroz dessa histeria coletiva que nos assola, não há motivo para tanto medo, mas o ser humano é como boiada descontrolada e em pânico, todos acompanham o grupo sem pensar. O efeito manada!

Fui à feira, onde havia muitos expositores italianos, espanhóis, e visitantes do mundo todo, em lugar fechado e com grande aglomeração de pessoas, indicado para a propagação deste vírus e dos demais. Mas, se tivermos sintomas de um simples resfriado, ou gripe leve, nos vem o fantasma do Covid-19!

Caminhávamos pelas vielas da feira, eu e meu amigo responsável pelo projeto, quando à nossa frente, seguia uma dupla de chineses!

- Olha o Corona à nossa frente! - eu disse.

- Não... Eles vieram antes! - brinca comigo, mas diminuímos a distancia por precaução, pois cautela e canja de galinha nunca são demais!

Passeei por ela, e depois fui para o hotel, sempre em ambientes condicionados, pois o calor dos dias estava na faixa de 30 graus , temperatura na qual esse vírus não sobrevive. Mas no frio sim!

Depois, aproveitando a vinda para cá, fui visitar minha mãe no interior e ir a um casamento da filha de um grande amigo no sábado, ficando estes dias na casa do meu filho mais velho.

Então, nesta manhã de sábado (que escrevo o texto), acordo com a garganta arranhando, nariz escorrendo: o Corona me pegou, ou melhor, o Coroa , pois faço sessenta e seis anos no dia 20 deste mês de março e estou no grupo de risco e predileto de letalidade: foco nos Coroas! Popularmente, virou Coroavírus!

E como iria ao casamento à noite de mascara, onde todos me olhariam aterrorizados e fugiriam? Que situação...

Preocupado, pensei: tenho que comprar uma mascara por precaução, pois não vou ser agente disseminador do Coroa!

Coincidentemente, no dia anterior, meu amigo me mandou mensagem de que a empresa estava pedindo para que as pessoas que estiveram na feira em São Paulo, ao voltarem para Santa Catarina, ficassem em casa por cinco dias, preventivamente. Estaria já em quarentena compulsória sem ter os sintomas de resfriado, gripe.

Fui à farmácia, sabendo que já faltavam as mascaras pela enorme procura. Chego ao balcão, onde três atendentes, lado a lado e junto ao balcão, de branco como enfermeiros, me cumprimentam:

-Bom dia, tudo bem - respondo a eles.

-No que posso ajudá-lo? - questiona uma moça alta, de cabelos e olhos negros, sorrindo para mim.

-Tem máscara? - pergunto direta e objetivamente a ela.

Os três me olham horrorizados, e como um balé, dão simultaneamente um passo para trás de pânico - a paranoia coletiva! Eu sorria internamente da cena tragicômica.

Ela se recompõe e prontamente responde que não, não sei se por querer que eu fosse embora logo, ou por que não tinha mesmo.

Voltei para casa sem a máscara e com a possibilidade de estar com o Coroavirus. Agora, aguardar para saber se pertenço ou não no rol dos histéricos coletivos...ehehe.

Morremos pela boca, como os peixes... E não vou ao casamento!

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Fernando Ceravolo
Enviado por Fernando Ceravolo em 15/09/2020
Código do texto: T7063759
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