Família
Papai tomando um chimarrão em frente a lareira...
Na verdade eu nem chamava o velho Marcelo de papai
E o velho Marcelo nem era velho e nem Marcelo.
Eu chamava o senhor Antônio apenas de pai.
Chimarrão eu nem sei que gosto tem
E acredito que o senhor Antônio também não
E se comecei meu texto assim
É somente por achar que seria legal...
Mas não foi.
O senhor Antônio ao descobrir ficou enfurecido
Pois era “homi” das antigas e não gostava de mentiras
A não ser aquelas que via nos filmes do Van Damme nos anos 90.
Obrigou que eu parasse de escrever essas coisas
Então acordamos que eu iria corrigir se ele permitisse que continuasse.
Outra mentira,
Não éramos do tipo que faziam acordos
Ao menos se somente eu concordasse.
Antes que ele rasgasse o papel onde escrevi o primeiro esboço
Consegui correr para o futuro e salvar no celular,
Na galeria das fotos de “salvem o mundo”
E nudes que não deveriam ser enviados em grupos.
Que por sua vez era pra ser sobre qualquer coisa
De menos de nudes (e de família).
Me lembro como se fosse ontem
Ele rasgando meus escritos...
Mas também era mentira
Ele nunca soube que eu escrevia,
Mas mesmo assim me obrigou a parar de escrever.
O papel ficara todo picado,
Praticamente impossível de se ler.
Curiosamente duas palavras sobreviveram tanto a chacina quanto ao tempo
Los Mendes ainda estavam lá
E sempre estariam,
Ao menos que roubassem o meu celular....
Droga! Vou ter que salvar meus contatos tudo de novo!