Rin Tin Tin
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Eu e minha mulher sentados na nossa varanda, tomávamos o nosso café pós-almoço, quando escutamos o bater de um bumbo, no chalé ao lado do nosso, alugado para uma professora de artes cênicas. Naquele dia ensolarado, não muito quente, uma estiagem que se estendia já há 15 dias, sem gota alguma de água de chuva.
- Será que é a dança da chuva? Quem sabe ela chama a chuva que precisamos? - digo, na brincadeira
- Será? - indaga rindo minha esposa.
- Talvez! Mas pela jeitão do dia, acho que não - falo.
- Então vamos observar "pra" ver se chove ou não?
O toar seguiu de forma cadenciada, mas nada parecido com o som dos antigos filmes de cowboy ou farveste que assistíamos. Filmes em que se ouviam os tambores chamando chuva ou os índios para a guerra contra os homens brancos.
O tamborilar do bumbo me lembrou de um seriado da minha infância, Rin Tin Tin, em que um cão pastor alemão salvava seu dono de situações perigosas. Fui pesquisar e encontrei o seguinte:
Rin Tin Tin era uma série sobre um cão que acompanhava uma unidade da cavalaria dos EUA. O melhor amigo de Rin Tin Tin era o Cabo Rusty, um garoto que perdeu os pais em um ataque de índios e foi adotado pela corporação, tornando-se uma espécie de mascote. Sempre que havia algum problema e Rusty necessitava da ajuda de seu amigo canino, ele gritava: Yo ho Rinty! Na série, todos viviam em um forte apache, no Arizona.
A tarde seguiu ventosa sem acumular nuvens, mostrando que naquele dia não choveria. Após o jantar, de volta à varanda com o nosso café noturno sem os tambores, um vento fresco batia no céu estrelado e sem nuvens.
- Pois é! Acho que o bater do tambor da nossa vizinha não acordou São Pedro para refrescar e molhar nossa horta e nossas flores. Plantei aquelas mudas e uma boa chuvinha seria ótimo para dar força a elas - diz minha esposa.
- Tem que molhar com a mangueira, senão morre tudo! - comento.
- Sim, mas uma chuvinha cairia bem - responde ela. Depois desce para o gramado procurando caramujos africanos que infestaram a cidade há alguns anos e viraram praga. Toda noite cata alguns para manter o controle deles e preservar a horta.
Ficamos mais algum tempo apreciando a noite tranquila e então nos recolhemos. Acordei de madrugada escutando o barulho característico de água batendo nas telhas. Chovia e o seu cheiro úmido e gostoso perfumava o ar.
- Caramba, o tambor funcionou! - pensei comigo. Mas o aguaceiro durou pouco, foi só uma pancada. Pena, queria que caísse o resto da noite para me embalar. Me lembrou da época de criança em que adorava dormir com o barulho da chuva, quentinho debaixo das cobertas aconchegantes.
Pela manhã, ao nascer do sol, em nosso horário costumeiro de levantar, observo as folhas com gotículas prateadas emoldurando-as. Após ver a umidade na vegetação, minha mulher pergunta:
- Choveu à noite?
- Sim, acordei com ela. O Bumbo da vizinha funcionou - respondo marotamente.
- Foi coincidência será?
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