QUANDO O UNIVERSO CONSPIRA A FAVOR DE UM GRANDE AMOR - Parte XI-Final
Parte XI (Final)
(Sugiro aos caros leitores, que antes de prosseguir a leitura, leia as partes anteriores - se ainda não o fizeram - para uma melhor compreensão. Obrigado)
O encantamento entre os dois agora se fazia mais evidente, os pensamentos de dúvidas, os receios, já quase não estavam presentes, dando lugar a um sentimento forte, que passava a “exigir” a presença física do outro ou seja, já era a hora de se conhecerem.
Mas era tão sublime o relacionamento entre eles, que nenhum se atrevia a falar sobre, embora sentisse a necessidade.
Mas o coração acabou por se encarregar de romper esse impasse e eles descobriram que ambos estavam com o mesmo pensamento, pois já havia se passado mais de 2 anos que eles se correspondiam e assim, começaram a planejar o encontro. De comum acordo, combinaram que o encontro seria nas próximas férias estudantis.
Daquele instante em diante a ansiedade e as expectativas tomaram conta deles. Começava a contagem regressiva, cada entardecer era sinal que o encontro estava mais próximo.
O encontro como não poderia deixar de ser – para a época – o homem é quem deveria se deslocar para ir ao encontro da mulher e assim, seria na cidade de Rosália. Hoje os tempos estão modernos e não se tem mais isso, aliás não se cobra nem mesmo o tal cavalheirismo.
E as férias chegaram. Combinaram para um dia de domingo. Rodrigo já nem conseguia dormir direito de tanta ansiedade. Rosália não era diferente, estava apreensiva.
Um turbilhão de pensamentos tomava conta dos dois. Ora de ansiedade, ora de medo, medo de uma decepção, medo dos olhos não se encantarem, medo até de decepcionar o outro.
Rosália, menina centrada, prudente, consultou sua mãe e definiu que o encontro seria na praça de fronte a igreja. Não queria expor sua família logo no primeiro encontro, vai que não desse certo, tudo era possível acontecer. Além do mais, se fosse como ela imaginava ser, entrariam na igreja e fariam uma oração de agradecimento ao Criador. E assim, combinou com Rodrigo que seria pela manhã, às 9 horas.
Rodrigo tratou logo de programar sua viagem. Não havia ônibus direto, teria que fazer 2 baldeações. Não poderia correr o risco de algum imprevisto atrapalhar o encontro. E assim o fez.
Chegou na cidade no meio da tarde daquele sábado que antecedia o encontro, foram mais de 20 horas de viagem.
Ele não tinha o contato dela, nem endereço, nem telefone, nem mesmo o sobrenome ele sabia. Eles se deixaram levar pelo encantamento e pelas entrelinhas dos escritos.
Ele havia solicitado a ela que indicasse um hotel de preço simples, de estadia que coubesse dentro do seu bolso, como diz, pois ele não tinha muita condição financeira e assim ela fez e ele estava hospedado ali. Tomou um banho e deitou um pouco para descansar, já que durante a viagem não conseguiu pregar os olhos, de tanta ansiedade.
Já um pouco descansado, resolveu andar pela cidade, se informou onde ficava a tal praça e resolveu ir até lá, para ficar mais familiarizado com o lugar.
Rosália procurou se informar dos horários de chegada dos ônibus que tinha o itinerário que ele viria. Naquele sábado, ficou a “monitorar” no seu relógio o tempo. A noite chegou, ela ficou a imaginar que ele já deveria estar na cidade. Teve que segurar a ansiedade e não ir ao hotel, não poderia quebrar o encanto daquele encontro.
Era nítida sua ansiedade, sua família percebia que ela estava apreensiva. Aliás, até mesmo a família estava pois, ela sempre mostrou as correspondências recebidas do Rodrigo para sua mãe e assim todos já tinham nele uma pessoa de bem.
A noite foi talvez a mais “comprida” para os dois. Acordaram várias vezes na noite e as horas não passavam. O relógio parecia preguiçoso.
Levantaram logo cedinho, mesmo antes do sol nascer. E começaram a ensaiar o que iria dizer pro outro.
Rosália não queria ir sozinha, convidou uma amiga para acompanhá-la. A amiga ficaria num ponto estratégico qualquer da praça de onde pudesse acompanhar o desfecho do encontro e ela iria entrar pelo meio.
Rodrigo chegou um pouco antes do horário marcado. Procurou um banco que pudesse ter uma visão geral da praça e sentou-se. Era uma praça florida, de belos jardins. Estava deveras muito ansioso, apesar de ser um cara tranquilo. A todo instante conferia as horas no relógio da igreja.
Rosália muito sábia, escolheu aquele horário por ser o da missa de domingo, a praça ficava normalmente quase que deserta e assim, fácil de identificar alguma pessoa por ali.
Rosália não queria se atrasar, nem também chegar antes e ficar como perdida andando sozinha pela praça.
Pediu pra sua amiga dar uma sondada na praça, essa o fez com passos apressados. Rodrigo a viu e pensou: não deve ser esta, ninguém vem para um encontro andando desse jeito, está muito apressada. Isso acabou por tirar um pouco a atenção de Rodrigo em vigiar as outras entradas da praça.
Rodrigo havia sentado de costas para justamente onde Rosália resolveu entrar. E assim como que pressentindo a presença de alguém, ele vira e vê aquela linda mulher adentrando pela praça...
Ficou de pé e rumou ao seu encontro...ela parou, ele também. De imediato se identificaram.
Passos trêmulos, coração em descompasso, foram se aproximando devagar, como que atraídos pelo outro. Pararam a um pequena distância do outro.
Rosália? – Disse ele.
Rodrigo? – Disse ela.
Não havia necessidade de responder, estava mais que identificados. Aproximaram mais um pouco, agora defronte pro outro...
Ficaram se olhando...se admirando...sem dizer uma palavra. Ambos admirando a beleza do outro, encantados, extasiados. Reparando em cada detalhe e algo chamou a atenção de Rodrigo...
O coração dele parecia querer sair pela boca. Ele estica a mão e toca na sobrancelha esquerda dela, estava alí aquela cicatriz... – quando ela caiu enquanto eles brincavam – ele não podia acreditar que estava diante do seu amor.
Ela sem compreender direito, mas desconfiando daquele toque, tocou a sua mão e disse:
-Uma cicatriz quando criança.
Eu sei – Respondeu ele. Eu lembro quando aconteceu.
Como assim?- perguntou ela incrédula. Não pode ser... Você é o meu Rodrigo?
Sim, sou eu, querida Rosália.
Ela leva a mão à boca, como sem acreditar e com a outra toca o rosto dele suavemente, como se quisesse comprovar ser verdade e não um sonho tudo aquilo.
E sem poder se conter, se abraçaram....um abraço demorado, fraterno, terno, cheio de saudade e de amor...se beijaram com alma e coração.
Lágrimas de emoção banhavam o rosto dos dois. Estavam extasiados de felicidade. Ela o conduziu à igreja e fizeram uma oração de agradecimento, queria além de agradecer, receber também a bênção daquela união.
Foi um encontro de muita emoção. Algo contagiante e um futuro promissor de muita felicidade. Juras de amor não foi preciso, o tempo esperando pelo outro já foi prova suficiente de que os dois se amariam para o resto de suas vidas.