Fernandinho É Sempre Fernandinho!
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Resolvi ir visitar minha mãe no dia das mães. Iria de moto de Florianópolis a São Paulo, a passeio. Estamos de quarentena, há mais de um mês e meio, em casa, por causa do COVID-19. Apesar de morarmos um em local privilegiado, em uma praia agreste ao norte da ilha, estou me sentindo inquieto, com a rebeldia aflorando, precisando me libertar. Comentei, então, a ideia com a minha mulher, que me disse:
- Querido você sabe que eu te apoio em tudo, mas acho que não deveria ir. São Paulo é o centro de propagação da doença, é perigoso.
Ri da sua fala, pois se apoiasse de fato, seria para que eu fosse. Mas desta forma, apoiava pero no mucho. E completou:
- Mas Fernandinho é sempre Fernandinho, né?
Ao mesmo tempo, recebi um informe da casa de saúde, em que minha mãe mora desde o início do mês passado, de como seria a visita , em horários definidos e com isolamento através de vidro, estando todos com máscaras obrigatóriamente.
Recebida a mensagem, comuniquei à minha irmã, que mora na mesma cidade da casa de saúde, da minha intenção. Respondeu-me em dois tempos:
- Olha seria muito bom ela te ver, está com muitas saudades. Você vem sozinho?
- Sim, vou de moto. Demorou um tempo e respondeu:
- Fer, acho uma loucura você vir de tão longe e de moto. Você não é mais criança, "tá" bem grandinho para essas coisas e está tudo fechado. Pode acontecer alguma coisa, é muito risco.
Mas, Fernandinho é sempre Fernandinho!
Seguindo a enquete, conversei, pelo celular, com meus filhos, em SP.
- Pai, acho que não deveria vir "pra" cá, estamos no início do pico da doença e aqui é o centro principal da infecção e pode se contaminar. Você é de risco, lembra-se? - responde o mais novo preocupado.
- Eu viajo de roupa de moto, capacete e balaclava, que me protegerá de qualquer contato. Vou parar nos postos somente para colocar gasolina e seguir direto para o "apê" do seu irmão.
O mais velho, se posicionou com uma reprimenda, pois há uma semana enviei uma mensagem para eles falando sobre o aumento da infestação da doença em São Paulo, sugerindo que se isolassem na praia, na casa da mãe. Estariam em local arejado e com poucas pessoas, ideal para enfrentarem essa época difícil que passávamos.
- Pai, você é incoerente, fala para nos resguardamos e agora quer vir para o olho do furacão - comenta com certa razão.
Mas, Fernandinho é sempre Fernandinho!
Depois das consultas, respondi a todos que iria pensar e definir se iria ou não, ponderando o que colocaram com muito acerto e sensatez.
Mas, Fernandinho não foi Fernandinho dessa vez, pois acabei desistindo da minha aventura juvenil....
Fernandinho não é mais o mesmo!
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