O Sopro do Príncipe
Aquela cena me impressionou, sinceramente não conseguia desviar os meus olhos dali.
o jovem senhor, aparentemente mendigo. Porém, algo me chamou a atenção, era como esse ser se vestia. Embora puídas a sua vestimenta ainda mantinha uma elegância vinda do seu
interior, aquela elegância que poucas pessoas possuem.
cena grafada em mim:
_ havia muitos pombos naquela praça, brigavam entre eles por um grande pedaço de pão. aí entra em cena o tal personagem passa a fazer o mesmo bailado dos pombos. Com mãos de pianista fazia movimentos, tal quais os pombos... Sem ao menos, tocá-los o mesmo interferindo naquela disputa.
Enfim, quando consegue tocar pão, recolhe-o como fosse o melhor dos manjares olha-o embevecido, soprando-o, assim como o solfista sopra o seu instrumento musical. Então ao se livrar dos pequenos resíduos, retira ainda delicadamente com as pontas dos dedos uma pequena manchinha preta que ali reside. Ergue o pedaço de pão bem ante os seus olhos, leva-o a boca e começa a degustá-lo, assim como se toma uma hóstia.
Uma vez terminado aquele ritual, aproximou-se da fonte, agachou-se soprando delicadamente os ciscos que ali flutuavam...
Pousou os lábios sobre a água sorvendo-a... Saciando assim a sede.
Encaminhou-se até um depósito de lixo reciclado, foi retirando jornais já lidos e segurando-os como se relíquias fossem. De repente... Senti certo êxtase em seu semblante.
Começa a caminhar até o banco da praça e inicia uma leitura que parecia dar-lhe imenso prazer. Então, olha para mim e sorri... Cumprimentando-me. Enfim, dirige-me a palavra.
_Como sou feliz. Hoje, consegui ler um belo texto em russo.
Elizabeth Marcondes
Da série : Contos