Duzentos e Cinquenta
Completei duzentos e cinquenta textos, uma marca e tanto. E inesperada. Não imaginava que viria a escrever, devido a minha formação cartesiana e personalidade inquieta. Nunca fui de ficar muito tempo sentado, escrevendo então, nem pensar.
A língua portuguesa não era minha matéria predileta, mas tínhamos em casa muitas coleções de livros e meu pai me incentivava à leitura dizendo que: "ler é caminhar para a luz".
Gostava de ler clássicos da coleção de Júlio Verne como a Volta ao Mundo em 80 dias, Viagem à Lua e o inesquecível Capitão Nemo das 20 Mil Léguas Submarinas, do qual adorava as aventuras, algumas futuristas que vieram a ocorrer de fato; da coleção de Eça de Queiroz, dos livros em capa dura, bonitos, pesados e de títulos interessantíssimos li "O Mandarim", um conto policial que me marcou, como os de Agatha Christie,que também li muito.
Naquela época, uma obra literária que me influenciou muito foi O Chamado Selvagem, de Jack London, de quem fiquei fã e ávido leitor. Aliás, adoto a sua máxima de que o "homem nasceu para viver e não só existir". Também dizia ele, que um escritor deveria escrever mil palavras por dia e foi o limite que adotei em meus textos, para que a leitura não ficasse maçante.
Adolescente, li Hemingway em o maravilhoso O Velho e o Mar; Aníbal Machado no lindo conto O iniciado do Vento; Machado de Assis, que descobri ser um contista interessantíssimo e atual; João Guimarães Rosa com o seu triste e poético A Terceira Margem do Rio.
Poderia ficar listando muitos outros autores e títulos que li e de que gostei, pois são muitos. Mas não posso deixar de mencionar Rubem Braga, que conheci de forma acidental, com o exemplar de bolso dos seus 50 Melhores Contos. Comprei-o somente para inteirar um valor total para parcelamento. Em suas crônicas descobri a sua genialidade e fluidez, o que muito me inspirou. Fiquei espantado com a sua produção de 15.000 títulos, escritos durante toda a sua vida profícua de jornalista e escritor.
Talvez, toda essa carga de leitura tenha me moldado para que viesse a escrever, involuntária e inesperadamente.
Escrever não tem a ver com a minha formação, como disse no início, pois sou engenheiro civil e não sei a gramática portuguesa a ponto de redigir corretamente. Também nunca gostei de suas regras e condicionantes, que são bem complicadas. Aliás, é corrente que engenheiro não sabe escrever bem, só fazer contas, lembrando, porém, que o grande Euclides da Cunha era engenheiro. Hoje, com os corretores de textos que temos nos computadores, escrever corretamente as palavras fica mais fácil.
Mas, gramaticalmente, quem verifica de fato a minha escrita é a minha mulher que, às vezes, fica "maluca" com as frases complicadas que escrevo. É também a minha grande incentivadora.
Apesar de todas estas deficiências de formação, não me impediram de redigi-los. Talvez, se fosse mais erudito, não escrevesse.
As histórias saem espontaneamente, me envolvo e as vivencio, como que em transe. Sensação que me faz muito bem, porque a imaginação é leve e lúdica. Fico embebecido. Digo que escrevo de "ouvido" como os músicos autodidatas.
O que me estimula a seguir escrevendo é a identificação dos leitores com os textos. Em alguns casos, relembram fatos semelhantes que lhes aconteceram. Esse é o intuito, instigá-los, tocá-los, sensibilizá-los com o que lhes transmito. É muito gratificante.
Compartilho a marca atingida de 250 com todos os que leem, comentam, elogiam ou criticam o meu trabalho. Sem vocês não seguiria em frente. Muito obrigado!
Talvez consiga ser tão produtivo quanto Rubem Braga. Quem sabe?
Muito obrigado!
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