Desventuras de Um Técnico - Temporada 2017 - Parte III - João Marcos
Minha espera não durou por muito tempo.
Após o último treino antes da parada de 15 dias devido as eliminatórias da Copa do Mundo, recebi uma ligação da própria Lúcia gritando desesperada pela bolsa ter estourado e saí do Centenário a toda velocidade até nosso apartamento pra pegá-la em casa e levá-la ao hospital.
Ainda bem que uma das enfermeiras estava de serviço e levou Lúcia até a sala do parto que foi bem tranquilo pela rapidez com que chegamos.
Nunca fiquei tão nervoso como naqueles minutos em que antecedem o nascimento de um filho e assim que a notícia foi dada, fiquei tão emocionado que nem pude falar direito.
Entrei no quarto e vi João Marcos pela primeira vez. Ele era parecido fisicamente com Lúcia, mas seu olhar era igual ao meu.
E então pensei: “Seja bem-vindo ao mundo onde desafios te aguardam, meu filho.”
Mas as surpresas não pararam aí.
Alguns dos rapazes foram me ver no hospital parabenizar-me pelo nascimento do garoto e trouxeram presentes. Takumi Oguri, por exemplo, entregou um origami em forma de pássaro e Giovani uma pequena bola de futebol.
Mas foi Rodrigo Arroz que me surpreendeu com um presente inesperado: uma camisa autografada do Caxias com a assinatura de todos os 28 jogadores.
Quer maior prova de que meu trabalho no Caxias foi bem recompensado com atitudes de carinho e gratidão como essas?
Lucia e eu estávamos felizes com nosso primeiro filho e nem mesmo a incerteza do futuro tirariam a alegria deste momento tão sublime para um casal como o nosso.
Pude curtir um pouco a arte de trocar fraldas e de acordar cedo as vezes pra vê-lo com aquele sorriso no rosto por alguns dias antes de voltar ao batente.
E logo de cara comandar o time em um amistoso contra o Yokohama Marinos como parte do pagamento de Taguchi.
* * *
Embora o público não tenha sido tão expressivo, o time não perdeu o ritmo e conseguiu uma boa vitória por 3 x 0 e Taguchi, claro, foi a estrela do jogo inclusive marcando um gol de pênalti estilo Rogério Ceni, colocando a bola no canto oposto do goleiro.
A boa notícia é que com o dinheiro arrecadado, conseguimos um respiro na situação financeira do clube permitindo que pudéssemos apenas pensar no jogo complicado contra o Paraná lá em Curitiba.
A má notícia, todavia, é que estou muito pressionado devido a alguns membros da diretoria querer minha cabeça só pelo fato de não aceitar interferências no meu trabalho.
E a resposta para eles deveria ser dada da melhor forma possível.
Com bons resultados em campo.
CONTINUA...