A festa

Maria Flor, Lindinha e Carola são grandes amigas e foram convidadas para a festa de aniversário de Olga, uma moça esnobe que gostava de contar vantagens.

Olga vivia dizendo que não havia nada de interessante no vilarejo. E as três amigas ficavam ouvindo a ladainha da moça. Fez então o convite de seu aniversário e jogou indireta do que queria ganhar de presente.

Para Maria flor disse que gostava de um perfume da marca tal. Para Lindinha falou com entusiamo de uma bolsa que vira na vitrine da cidade vizinha. E para Carola descreveu o batom que mais gostava.

Segundo a aniversariante essa seria a melhor festa que alguém já dera no vilarejo.

Mesmo Olga sendo um tanto quanto antipática, elas se animaram em irem à festa.

Um dia antes, foram de jardineira até a cidade vizinha comprarem os presentes. No entanto, descobriram que as indicações de Olga estavam acima do que poderiam gastar. Então resolveram comprar presentes mais em conta. E ainda, cada uma comprou uma roupa nova. Queriam estar bem bonitas, e depois Olga falou tanto da beleza da festa que queriam estar bem-vestidas.

No dia da festa, todas muitos animadas, partiram na hora marcada.

De longe avistaram a casa toda iluminada e o som da música soava animado.

À porta foram recebidas pela anfitriã que logo espichou os olhos para os presentes. Após ser parabenizada e presenteada, a moça as levou para uma mesa no andar de cima de onde avistavam os demais convidados no andar de baixo.

Olga fez questão de abrir os presentes na presença das convidadas. E assim que viu o perfume fez uma cara azeda.

– Mas que perfume é esse?

Maria Flor com seu jeitinho meigo disse:

– Não repare, mas é muito bom!

Então abriu o próximo presente e esboçou uma reação não muito feliz. Ergueu o sobrolho direito e olhou enviesado para Lindinha. E quanto a Carola o comportamento da moça em relação ao batom não foi muito diferente dos outros.

Mesmo com o desdém da moça, resolveram ficar e se divertir. Dançaram ao som da boa música durante um bom tempo até que seus estômagos começaram a roncar.

Sentaram e esperaram serem servidas. Passou mais de meia hora e Olga era vista de longe. Lindinha a mais espevitada foi até a aniversariante e perguntou quando seriam servidas. Olga desconversou e pediu para que dançassem, mas Lindinha insistiu. Instantes depois voltou com um prato de salgados com três coxinhas apenas. As moças ficaram espantadas.

Maria Flor perguntou do refrigerante

– Um instante, vou ver. – disse Olga.

Lindinha foi atrás da moça para ajudá-la a trazer os copos com os refrigerantes. Viu-a abrir o freezer e logo fechar. Virou-se e disse.

– Acabou!

– Acabou? Perguntou Lindinha impressionada.

Na mesa elas tiveram que se contentar com as três minúsculas coxinhas. E logo foram desanimando. Foi então que Carola ao se levantar, observando a festa, viu o bolo de aniversário em cima da geladeira e comentou: – Pelo menos vamos ter bolo! Olga ouviu e redarguiu: – Psiu, não fale alto e não peça bolo, não é suficiente para todo mundo.

Então resolveram ir embora menos de duas horas após chegarem. E lá fora Lindinha comentou: – Bem que em casa se diz: – Primeiro o bucho, depois o luxo.

Foram para casa de Maria Flor. Contaram o acontecido a família. A mãe correu a cozinha, fritou pastel, assou pão de queijo, pegou o bolo de fubá dentro do armário. Arrumou a mesa com esmero, serviu limonada.

Maria Flor ligou o rádio de pilhas. Se serviram da boa comida e dançaram para valer. Da simplicidade fizeram uma noite inesquecível em família e amigas.