Cadillac Pub
Não passava das onze da noite, ainda tinham carros circulando o bairro e algumas pessoas com seus guarda-chuvas abertos. A porta do Cadillac Pub estava brilhando: lá dentro corriam os mais variados sonhos, os desejos improváveis e a sede em tomar algum elixir que apagasse o dia. Mou caminhava determinado a entrar por aquelas portas. Seus sapatos pretos cruzavam a S. Main St. e molhavam-se nas poças de água. O som da chuva caindo era a última preocupação de Mou. Já não era mais alguém a se preocupar com simplicidades. O capote molhado também não deixava menos ou mais incomodado o homem. Olhava firme em direção ao Pub, um olhar firme e destinado a chegar àquelas portas. Dentro do local, alguns homens, enquanto debruçados ao balcão, bebiam silenciosos o surgir da madrugada. Havia cadeiras nos cantos e mesas vazias. Um ou outro estava cambaleando ou abraçado com os cantos do estabelecimento. Algumas três mulheres também estavam lá: jogavam cartas nas mesas do fundo, ao escuro, de modo a não chamarem tanta atenção. Do lado de dentro do balcão, apenas um velho e uma moça. O velho tinha uma toalha sobre os ombros e ficava sentado próximo ao rádio. A moça limpava o balcão e os copos. Em alguns momentos, servia aos bêbados do balcão. Finalmente Mou chegou. Estava na porta do Cadillac Pub. Abriu, olhou para as moças no fundo e foi para o lado oposto. Passou pelos bêbados e sentou-se em uma mesa banhada somente pela luz do letreiro do banheiro. A moça, apesar de nova no Pub, conhecia Mou: seus poucos dias ali eram suficientes para levar ao homem uma meia caneca de Angel City. Mou, agora olhando firme para a bebida, saca uma Taurus .38 do capote e atira na própria cabeça. Os bêbados olham e voltam a cair sobre o balcão. As mulheres no fundo continuam jogando cartas. O velho se levanta, troca a estação do rádio e pede à moça que, com muita calma, ligue para as autoridades.